Howard Lutnick pede a Índia que abra mercado e revele desconfianças

Howard Lutnick, executivo da Cantor Fitzgerald, sugere que a Índia intensifique relações comerciais com os EUA, desconsiderando desconfianças históricas e políticas.

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28/09/2025, 14:05

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma imagem vibrante de Nova Delhi, onde uma multidão de pessoas se reúne em frente ao Parlamento, com cartazes exigindo uma maior abertura econômica e questionando a influência americana. O céu está claro, enquanto comerciantes locais observam, e há um contraste entre a modernidade dos edifícios e a tradição das roupas típicas indianas. Algumas pessoas seguram bandeiras internacionais, simbolizando o desejo de uma parceria global justa.

Em uma recente declaração que rapidamente ganhou repercussão, Howard Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald, chamou a atenção para a necessidade de Nova Delhi abrir seu mercado e reavaliar a maneira como conduz suas relações comerciais com os Estados Unidos. Lutnick, reconhecido por suas posições vigorosas em temas econômicos, argumenta que a Índia deve "consertar" seus laços comerciais com a América, insinuando que a falta de uma abordagem mais cooperativa está prejudicando ambos os países.

Essa proposta, no entanto, não é isenta de controvérsias e tensões históricas que permeiam as relações entre a Índia e os EUA. A opinião pública na Índia em relação a essa sugestão está longe de ser unânime. Comentários de cidadãos indianos revelam uma visão crítica e cética sobre o que Lutnick considera necessário. Várias vozes pontuam que as práticas agrícolas e o setor de laticínios do país têm suas próprias dinâmicas, com o governo indiano estabelecendo restrições em relação a produtos transgênicos, exceto em casos muito específicos, como o algodão. Essas medidas são vistas como uma proteção da economia agrícola local, com muitos citando que liberalizar completamente esse setor poderia ser um "suicídio político".

Os laços entre os dois países se tornaram ainda mais complicados devido ao passado dessas interações. Ao longo das décadas, a Índia assistiu com desconfiança a posições dos EUA em relação ao Paquistão, especialmente durante épocas de conflito. Citam-se incidentes históricos, como a Guerra de Bangladesh em 1971, onde muitos cidadãos indianos acreditam que os EUA falharam em apoiar a Índia de maneira justa, além de manobras em torno do programa nuclear indiano, que resultaram em desconfiança em relação a qualquer oferta de parceria financeira ou comercial americana.

Lutnick não se esquivou de mencionar que a Índia e o Brasil estão entre os "grandes" na agenda dos EUA, destacando a importância de fortalecer essas relações. Contudo, a reação a essas declarações não foi amigável. Muitos indianos expressaram que a abordagem americana perpassa por uma concepção de que os aliados deveriam se submeter ao interesse econômico e estratégico dos Estados Unidos, sem levar em consideração a dignidade e os interesses próprios dessas nações.

O sentimento de frustração é palpável entre os cidadãos que acreditam que os EUA não têm oferecido a mesma abertura que esperam. Um comentarista destacou que o mercado indiano já é suficientemente aberto para produtos dos EUA, que, por sua vez, cobram preços bem mais altos do que suas contrapartes locais ou até mesmo chinesas. Este sentimento é reforçado pelo fato de que cidadãos indianos já demonstraram resistência ao avanço de produtos americanos, levando muitos a acreditar que os produtos locais atendem suas necessidades de maneira mais eficaz.

Além das críticas de Lutnick, um fator relevante que merece atenção é a crescente aproximação econômica da Índia com a China, especialmente à luz das políticas protecionistas americanas. Muitos analistas afirmam que a Índia se sente mais inclinada a buscar suas próprias alianças, especialmente à medida que percebe uma falta de confiança na fiabilidade dos acordos comerciais dos EUA. Os cidadãos não estão apenas defendendo suas próprias políticas, mas também fazendo uma avaliação crítica do que Lutnick e sua administração realmente têm a oferecer. Não é raro ouvir comentários sobre como a política interna dos EUA, marcada por divisões e incertezas, impacta negativamente suas interações no exterior.

Comentadores têm argumentado que é um erro os Estados Unidos pensarem que a Índia deve priorizar os desejos de Washington acima de seus próprios interesses nacionais. Para muitos, é claro que a Índia deve manter sua soberania e interesses locais intactos, independentemente de quantas vezes se repita a chamada de um "mercado aberto".

Os desafios que permeiam essas relações são indicativos de uma mudança maior nas dinâmicas globais. Muitos cidadãos indianos sentem que Lutnick e outros tomadores de decisão nos EUA talvez não estejam considerando as complexidades da política indiana, e o desejo da população por uma abordagem que respeite as necessidades locais e os laços históricos.

Entre críticas e anseios por um futuro mais cooperativo, o clamor por independência econômica e respeito à soberania nacional continua a ser o tom dominante em Nova Delhi. As vozes que se levantam contra a forma como as interações têm sido conduzidas sugerem um possível caminho a ser trilhado, onde a proteção dos interesses locais é primeiramente levada em consideração, resistindo à pressão externa para 'consertar' o que muitos cidadãos acreditam que já está funcionando adequadamente à sua maneira.

Fontes: The Guardian, Al Jazeera, Financial Times

Detalhes

Howard Lutnick

Howard Lutnick é o CEO da Cantor Fitzgerald, uma empresa de serviços financeiros e corretagem. Ele é conhecido por sua liderança na reestruturação da empresa após os ataques de 11 de setembro de 2001, que resultaram na perda de muitos de seus funcionários. Lutnick é um defensor ativo de políticas econômicas e frequentemente comenta sobre as relações comerciais internacionais, buscando promover a cooperação entre países.

Resumo

Howard Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald, destacou a necessidade de Nova Delhi abrir seu mercado e reavaliar suas relações comerciais com os Estados Unidos, sugerindo que a falta de cooperação prejudica ambos os países. No entanto, essa proposta gerou controvérsias, com muitos cidadãos indianos expressando ceticismo em relação à sugestão de Lutnick. Eles argumentam que as práticas agrícolas e o setor de laticínios da Índia têm suas próprias dinâmicas e que liberalizar completamente esse setor poderia ser prejudicial. A desconfiança histórica em relação às ações dos EUA, especialmente em relação ao Paquistão, também complica as relações. Embora Lutnick tenha mencionado a importância de fortalecer os laços entre a Índia e os EUA, muitos indianos sentem que a abordagem americana ignora seus interesses e dignidade. Além disso, a crescente aproximação econômica da Índia com a China e a resistência a produtos americanos refletem uma avaliação crítica das propostas de Lutnick, ressaltando a importância da soberania e dos interesses locais na política indiana.

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