12/12/2025, 12:00
Autor: Laura Mendes

A Hearst Magazines, uma das maiores editoras do mundo, conhecida por suas publicações icônicas, como Harper's Bazaar e Cosmopolitan, anunciou na última terça-feira, 31 de outubro de 2023, que não utilizará mais peles animais em seu conteúdo editorial e campanhas publicitárias. Esta decisão segue a proibição semelhante da Condé Nast, que já havia banido o uso de peles animal em suas publicações em outubro. A mudança na política editorial da Hearst reflete uma crescente conscientização e demanda por práticas de moda mais éticas e sustentáveis, tanto da parte dos consumidores quanto de criadores de conteúdo e influenciadores.
Nos últimos anos, o uso de peles na moda tem sido apontado como um assunto polêmico, com cada vez mais marcas assumindo compromissos em prol do bem-estar animal e da sustentabilidade ambiental. A decisão da Hearst se alinha a esse movimento, indo ao encontro das expectativas de um público que se torna progressivamente crítico em relação às práticas tradicionais da indústria da moda. Comentários de entusiastas da moda celebraram a decisão, vendo-a como um marco importante na transformação do setor, afastando-se dos padrões antigos que muitas vezes estavam associados à crueldade animal.
Entre os comentários destacados, um usuário expressou alívio com a decisão, afirmando que “chega de pele de verdade em revistas de moda”, aproveitando a oportunidade para promover uma nova abordagem que não objetifica as mulheres com simbolismos de vaidade extremos, como o uso de peles. Essa mudança de foco indica uma conversa mais ampla sobre a ética na moda, em especial em relação a como as modelos são apresentadas e tratadas nas mídias sociais.
Além da questão estética, há uma crescente preocupação com a saúde pública relacionada ao uso de peles de animais. Fazendas de visões, por exemplo, já foram identificadas como possíveis reservatórios de doenças, incluindo o coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já enfatizou que uma porcentagem significativa das doenças infecciosas emergentes em humanos são zoonóticas, ou seja, originadas em animais. A proibição do uso de peles pode ser vista não apenas como uma questão ética, mas também como uma medida de saúde pública claramente necessária em um momento em que o mundo lida com as consequências de pandemias.
Entretanto, nem todos os comentários sobre a decisão são de elogios. Há questionamentos sobre como lidar com o impacto de animais introduzidos em ecossistemas que podem causar danos a espécies nativas. Um dos comentaristas lembrou que muitos animais, como os gambás na Nova Zelândia, estão sendo controlados para proteger espécies nativas, como os kiwis. Isso levanta perguntas sobre a responsabilidade dos humanos em equilibrar a natureza, um tema que continua a ser debatido em múltiplos âmbitos.
Adicionalmente, alguns usuários sugeriram que, embora a proibição de peles seja um passo significativo, deve-se considerar exceções quando se trata de materiais de espécies invasoras, como o possum na Nova Zelândia. Essa pele, embora derivada de um animal que causa significativo desbalanceamento ecológico, poderia ser utilizada de forma ética, tornando-se um tal como a pele das ovelhas, que serve tanto para a proteção ambiental quanto para a moda.
Essas discussões revelam um campo de tensões e dilemas éticos que a moda contemporânea enfrenta. A proibição de peles de animais em publicações de moda lidar com a necessidade urgente de evolução cultural na indústria, enquanto também destaca a complexidade das interações entre humanos, animais e o meio ambiente. A Hearst Magazines, abrindo mão de um aspecto tradicional da moda, inicia um diálogo significativo sobre o que significa ser ético na indústria da moda moderna.
Com a proibição oficializada, o que vem a seguir para a indústria da moda é ainda incerto, mas certamente, a mensagem é clara: o futuro da moda não deve custar vidas animais. À medida que mais editoras e marcas se juntam a essa tendência, observa-se uma mudança de paradigma nas percepções do que é considerado sofisticado e desejável na moda. O impacto da política da Hearst poderá ressoar em toda a indústria, potencialmente mudando a narrativa em torno de moda sustentável e ética em um nível global.
Fontes: Harper's Bazaar, Folha de São Paulo, BBC News
Detalhes
A Hearst Magazines é uma das maiores editoras de revistas do mundo, conhecida por suas publicações icônicas, como Harper's Bazaar, Cosmopolitan e Esquire. Fundada em 1887 por William Randolph Hearst, a empresa tem uma longa história de inovação e influência na mídia. Com um portfólio diversificado, a Hearst também opera em áreas como televisão e digital, adaptando-se às mudanças nas preferências dos consumidores e nas tecnologias de comunicação.
Resumo
A Hearst Magazines, uma das principais editoras do mundo, anunciou em 31 de outubro de 2023 que não usará mais peles animais em seu conteúdo editorial e campanhas publicitárias. Essa decisão segue a proibição semelhante da Condé Nast e reflete uma crescente demanda por práticas de moda mais éticas e sustentáveis. O uso de peles na moda tem se tornado um tema polêmico, com muitas marcas adotando compromissos em prol do bem-estar animal. A mudança da Hearst é celebrada por entusiastas da moda, que veem isso como um passo importante para transformar o setor. Além de questões éticas, há preocupações com a saúde pública relacionadas ao uso de peles, uma vez que algumas fazendas de animais podem ser reservatórios de doenças. No entanto, a decisão também levanta questões sobre o impacto ambiental de animais introduzidos em ecossistemas nativos. Apesar de ser um avanço, alguns sugerem que exceções devem ser consideradas para espécies invasoras. A proibição da Hearst inicia um diálogo sobre ética na moda e pode influenciar a indústria de forma significativa.
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