23/12/2025, 12:22
Autor: Ricardo Vasconcelos

Na última semana, a Havaianas, famosa marca de chinelos de borracha brasileira, atravessa uma fase contraditória envolvendo boicotes políticos e um aumento significativo nas vendas, principalmente na região do Rio de Janeiro. Tudo começou quando um movimento que visava boicotar a marca emergiu, desencadeado por posicionamentos políticos e campanhas nas redes sociais. A partir desse contexto, muitos consumidores começaram a discutir nas redes sobre o que realmente estaria acontecendo com a famosa marca.
Em vários relatos coletados em uma plataforma de discussão online, muitos indicam que, ao invés de uma queda de vendas, as lojas da Havaianas estão mais movimentadas do que nunca. Um consumidor detalhou uma visita a uma loja da Havaianas no Rio de Janeiro, onde a fila para entrar estava imensa e, para controlar o fluxo, foi necessário utilizar correntes na porta. Esse testemunho parece reforçar que a marca não apenas se safa de uma crise, mas pode estar, paradoxalmente, se beneficiando da publicidade negativa envolta no boicote.
O fenômeno chamou a atenção de vários analistas de mercado. Os boicotes, por natureza, tendem a ser mal interpretados em ambientes carregados de tensão política. Por exemplo, um comentarista notou que, embora haja uma tentativa de boicote por parte de consumidores identificados com a direita política, a realidade é que muitos destes foram vistos nas lojas comprando os produtos para fazer vídeos de protesto, o que, ironicamente, acaba servindo como um impulso publicitário.
Pesquisas de mercado realizadas por diversos veículos de comunicação demonstram que o consumo de Havaianas, mesmo com a crise que a empresa enfrenta, não só se manteve, mas apresentou um crescimento nas vendas nos últimos dias. O fenômeno ocorre especialmente nas semanas que antecedem importantes datas comemorativas, quando o desejo de conforto e estilo casual dos consumidores se intensifica.
Além disso, outro aspecto curioso é que o público claramente se dividiu entre os que apoiam o ato de boicote e aqueles que simplesmente não se deixam levar por correntes políticas. Com mais de 150 milhões de reais em prejuízos estimados, como indicava um dos comentários, a narrativa de uma empresa que supostamente estaria em colapso devido a boicotes torna-se questionável diante do fluxo intenso de consumidores em suas lojas.
Por outro lado, a reação dos consumidores mostra que muitos deles tratam a situação com humor. Como destacado em diversas mensagens, um grupo zombou da situação, afirmando que são apenas "brigas de internet" que não afetam o dia a dia da maioria das pessoas. Em um ambiente comercial próximo ao Rio de Janeiro, observou-se gente brincando na fila, saindo da loja com sacolas cheias e afirmando que nunca mais comprariam, revelando uma desconexão entre o que se debate nas redes sociais e a ação no mundo real.
No entanto, a Havaianas não é a única marca enfrentando essa paradoxa entre boicotes e aumento nas vendas. Experiências anteriores de campanhas de boicote mostram que, geralmente, estas mais criam buzz do que realmente impactam o consumo. Historicamente, ações desse tipo têm sido mais associadas a discussões ideológicas e menos resultados práticos na diminuição das vendas. O efeito colateral dos boicotes é muitas vezes um aumento na visibilidade da marca, o que pode resultar em um incremento na demanda.
Ao que tudo indica, o alcance dos debates políticos se reflete mais nas discussões virtuais do que no comércio físico. Um ponto relevante a se considerar é o custo psicológico do boicote aplicado a marcas como a Havaianas, que se tornaram parte da vida cotidiana de muitos brasileiros, transcenderam questões de moda e viraram um ícone cultural. A percepção de que sua marca predileta pode ser alvo de boicote leva alguns consumidores a quererem mais do que nunca comprar Havaianas, não para apoiar a marca, mas para expressar rebeldia contra as correntes políticas que tentam regulá-los.
Por fim, a trajetória da Havaianas deve servir como um intenso estudo de caso sobre como o comportamento do consumidor pode desafiar as suposições de que boicotes políticos têm um efeito duradouro em marcas bem estabelecidas. O paradoxo entre o boicote e o aumento nas vendas ilustra muito sobre as dinâmicas de comportamento nas redes sociais e na sociedade. Enquanto alguns se preparam para atos de resistência, outros simplesmente optam por continuar usando suas Havaianas, enfatizando que, no fundo, o desejo de conforto e estilo pode superar divisões políticas.
Diante disso, a marca parece estar se posicionando cada vez mais como uma espécie de fenômeno social, onde a ideia de boicotes se torna cíclica, e o exercício das vivências diárias das pessoas continua firme e forte, independentemente da atmosfera política.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Estadão
Detalhes
Havaianas é uma icônica marca brasileira de chinelos de borracha, fundada em 1962. Reconhecida mundialmente por seu design simples e conforto, a marca se tornou um símbolo da cultura de praia no Brasil. Com uma vasta gama de cores e estilos, Havaianas transcendeu as fronteiras do país, sendo apreciada por consumidores em todo o mundo. A marca é conhecida por sua capacidade de se reinventar e se adaptar às tendências, mantendo sua essência casual e descontraída.
Resumo
Na última semana, a Havaianas, famosa marca brasileira de chinelos, enfrenta uma situação contraditória com boicotes políticos e um aumento nas vendas, especialmente no Rio de Janeiro. Um movimento de boicote, impulsionado por posicionamentos políticos, gerou discussões nas redes sociais, mas, em vez de prejudicar as vendas, as lojas da marca estão mais movimentadas do que nunca. Relatos de consumidores mostram filas imensas nas lojas, sugerindo que a marca se beneficia da publicidade negativa. Analistas de mercado observam que, apesar dos boicotes, as vendas da Havaianas cresceram, especialmente em períodos que antecedem datas comemorativas. A divisão entre consumidores que apoiam o boicote e aqueles que não se deixam influenciar por questões políticas é evidente. Enquanto alguns zombam da situação, outros continuam a comprar os produtos, revelando uma desconexão entre as discussões virtuais e a realidade das vendas. A trajetória da Havaianas exemplifica como o comportamento do consumidor pode desafiar a ideia de que boicotes têm um impacto duradouro em marcas consolidadas.
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