18/10/2025, 13:01
Autor: Felipe Rocha
A recente saída do remake de Vale Tudo, uma das novelas mais icônicas da televisão brasileira, gerou reações fervorosas entre os telespectadores, evidenciando as dificuldades e críticas que os remakes enfrentam. O apelo emocional das histórias e seus desfechos afetam diretamente a conexão dos espectadores, e, no caso do último capítulo da novela, essa conexão foi abruptamente rompida.
O final da trama, que apresentou a personagem Odete, uma força motriz ao longo da história, despertou indignação nas redes sociais. Em vez de um desfecho construído com emoção e lógica, a audiência foi surpreendida por uma reviravolta que muitos consideraram absurda e previsível. A protagonista, após um enredo repleto de tensão, sobrevive a um tiro que deveria ter sido fatal, retornando como uma espécie de "zumbi" da narrativa, o que foi comparado a desfechos clichês de outras produções, como a famosa série Game of Thrones.
A crítica ao enredo não se limitou apenas à escolha do final, mas se estendeu à artificialidade das tramas, que muitos consideraram desconexas e sem um desenvolvimento adequado ao longo da história. Um dos comentários destacava que a novela anterior, Mania de Você, já havia explorado um enredo similar, sugerindo uma falta de originalidade nos roteiros apresentados. Os telespectadores expressaram frustração também quanto aos "filler", uma referência negativa às partes da narrativa que parecem dispensáveis e que, em sua maioria, não enriquecem a experiência do público. Muitas falas e tramas paralelas foram vistas como mera distração, distantes da qualidade esperada de uma produção da Globo.
A autora do roteiro, Manuela Dias, foi alvo de duras críticas. Para muitos, a insistência em criar reviravoltas chocantes e inesperadas parecia desviar o foco do desenvolvimento coerente dos personagens e das suas motivações. Comentários alegavam que a trama se tornara uma forma de prender a audiência entre propagandas, sem proporcionar conteúdo significativo. Essa abordagem, segundo os críticos, poderia ser vista como uma tentativa de maximizar a audiência, mas acabava diluindo a qualidade das narrativas.
Adicionalmente, a forma como a produção lidou com as inserções de produtos publicitários durante a novela foi um tema que gerou desconforto. Muitos telespectadores apontaram que a marcação de publicidade tornou-se mais evidente do que o próprio desenvolvimento da história. No mesmo intervalo comercial, um dos atores protagonizava uma propaganda de várias marcas diferentes, o que foi considerado por muitos como uma tentativa desesperada de aumentar os lucros através de um excesso de merchandising.
A repercussão negativa do final e o estado atual das novelas remete a um tema maior no mundo da TV brasileira: a luta por audiência em um ambiente saturado de opções de entretenimento. O público, cada vez mais crítico e familiarizado com o conteúdo da internet, reclama de finais previsíveis e de clichês batidos, buscando algo que ressoe e tenha relevância em suas vidas.
Enquanto o futuro de Vale Tudo permanece incerto, a execução deste remake torna a questão sobre o que o público realmente deseja ver na TV ainda mais pertinente. Muitas pessoas anseiam por roteiros que não apenas entretêm, mas que também respeitem a inteligência do telespectador e ofereçam narrativas que desafiem suas expectativas. Como se vê, ajustar a produção a essas necessidades e desejos é um desafio contínuo para os roteiristas e diretores na indústria da televisão.
Por fim, a experiência com Vale Tudo sugere que os remakes devem ser abordados com sensibilidade e respeito ao material original, além de um foco em contar histórias coerentes e emocionantes. Caso contrário, corre-se o risco de alienar um público que, cada vez mais, busca não apenas entretenimento, mas conexão e autenticidade nas narrativas broadcast. A expectativa agora é se a Globo conseguirá aprender com as críticas e dar um passo à frente na evolução de suas produções futuras, sobretudo em tempos em que a própria estrutura do consumo de mídia está em transformação.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, UOL, Estadão
Resumo
A estreia do remake de "Vale Tudo" gerou reações intensas entre os telespectadores, evidenciando os desafios enfrentados por remakes na televisão. O final da novela, que trouxe a personagem Odete de volta de forma inusitada, provocou indignação nas redes sociais, sendo comparado a desfechos clichês de outras produções. Críticas se estenderam à artificialidade das tramas e à falta de originalidade nos roteiros, com muitos espectadores reclamando de partes da narrativa consideradas dispensáveis. A autora Manuela Dias foi alvo de críticas por priorizar reviravoltas em detrimento do desenvolvimento dos personagens. Além disso, a inserção de publicidade na novela foi vista como excessiva, ofuscando o enredo. A repercussão negativa do final reflete uma insatisfação maior com a qualidade das novelas brasileiras, em um cenário onde o público busca histórias mais autênticas e relevantes. O futuro de "Vale Tudo" permanece incerto, levantando questões sobre as expectativas do público e a necessidade de evolução nas produções da Globo.
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