Genocídio armênio continua sem reconhecimento em várias nações

Apesar das evidências históricas, muitos países ainda hesitam em reconhecer o genocídio armênio devido a interesses políticos e econômicos.

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11/09/2025, 03:08

Autor: Laura Mendes

Um mapa histórico da Armênia, com destaque para os locais de conflitos e expulsões de armênios durante o genocídio. Em primeiro plano, um monumento em memória das vítimas, cercado por flores e velas, simbolizando a dor e a esperança de reconhecimento, enquanto ao fundo se vê a bandeira da Turquia e questionamentos sobre a negação do genocídio.

O genocídio armênio, ocorrido entre 1915 e 1923, é um dos eventos mais sombrios da história moderna, resultando na morte de milhões de armênios pelo Império Otomano. Apesar de fortes evidências que sustentam a alegação de genocídio, a relutância de muitos países em reconhecer formalmente essa realidade histórica é um reflexo complexo das dinâmicas políticas atuais, envolvendo diplomacia, interesses econômicos e a questão de identidade nacional.

O tema do reconhecimento do genocídio armênio frequentemente entra em debate em contextos políticos, especialmente em relação ao papel da Turquia e das suas relações com o Ocidente. Países que mantêm interesses estratégicos ou econômicos com a Turquia, como os Estados Unidos e nações da União Europeia, tendem a evitar confrontos sobre este tópico. O fator econômico é um determinante-chave, uma vez que a Turquia é um aliado geopolítico importante e um ponto de passagem para óleo e gás do Cáucaso e do Oriente Médio.

Apesar da evidência substancial, como o Artigo 2 da Convenção sobre Genocídio das Nações Unidas, que define genocídio como a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, muitos governos preferem não tomar uma posição contrária à Turquia. Essa omissão ocorre mesmo quando a definição legal é claramente cumprida, resultando na indiferença de uma média de países em relação às atrocidades cometidas durante esse período. A falta de reconhecimento leva a uma troca de interesses que ignora a responsabilidade moral e histórica que os povos têm em relação a eventos trágicos de suas histórias.

Sarama, uma acadêmica que se especializa na história do Oriente Médio, afirma que a falta de reconhecimento do genocídio armênio por parte de muitos países é um reflexo de uma “amnésica histórica” que permeia a sociedade contemporânea. “O que vejo é uma contínua negligência por parte dos estudantes e cidadãos em geral sobre eventos históricos significativos. Muitas novas gerações desconhecem a Armênia não apenas por questões políticas, mas também pela forma como a história é ensinada e discutida nas escolas”, observa.

Além disso, a manipulação da narrativa histórica, e até mesmo a criação de evidências como testemunhos falsos, tem sido utilizada por alguns setores para minimizar a gravidade do genocídio armênio, afirmando que as mortes foram o resultado de uma ação militar legítima durante a Primeira Guerra Mundial, em vez de um ataque sistemático e intencional contra uma população civil.

A história do genocídio armênio ainda está muito presente na memória coletiva da comunidade armênia e em sua diáspora, que lutam constantemente para que suas vozes sejam ouvidas e reconhecidas. Diversas manifestações e campanhas de conscientização têm sido realizadas mundialmente para recordar e educar sobre as realidades enfrentadas pelos armênios durante o genocídio. Em muitos países, dias de lembrança são designados para honrar as vítimas, mas esse reconhecimento muitas vezes é limitado e discordante.

Por exemplo, a situação dos armênios uigures na China e os inúmeros genocídios ao longo da história, como os perpetrados na Kosovo e na Bósnia, têm se ajustado às agendas políticas contemporâneas. A coerção politicamente motivada para ignorar ou subestimar atrocidades cometidas por aliados é um fenômeno comum que parece ter raízes nas decisões tomadas por diplomatas, onde o potencial de uma relação vantajosa faz com que os direitos humanos e a dignidade histórica sejam muitas vezes secundarizados.

Embora a narrativa do genocídio armênio possa não ter sido reconhecida em sua totalidade, a persistência dos armênios e a luta para obter reconhecimento contínuo demonstra um comprometimento com a verdade histórica. A preservação da memória histórica não é apenas uma questão de justiça para os que sofreram, mas também um compromisso com a educação das gerações futuras para que atrocidades semelhantes não sejam repetidas. Em um mundo onde as relações diplomáticas e os interesses econômicos frequentemente superam a ética, a busca pelo reconhecimento é um lembrete poderoso do que está em jogo quando a história é silenciada e as memórias são apagadas.

Assim, a verdade sobre o genocídio armênio continua a ser um tema importante e uma questão de direitos humanos no cenário global atual, refletindo a necessidade de um compromisso mais profundo com a educação e a memória histórica.

Fontes: BBC, The New York Times, Al Jazeera, History.com, Anadolu Agency

Resumo

O genocídio armênio, que ocorreu entre 1915 e 1923, resultou na morte de milhões de armênios pelo Império Otomano. Apesar das evidências que sustentam essa alegação, muitos países hesitam em reconhecer formalmente o genocídio, refletindo dinâmicas políticas complexas, como interesses econômicos e questões de identidade nacional. A relutância é especialmente visível em nações que mantêm laços estratégicos com a Turquia, como os Estados Unidos e países da União Europeia. Sarama, uma acadêmica especializada na história do Oriente Médio, observa que essa falta de reconhecimento é um sinal de “amnésia histórica”, com novas gerações desconhecendo eventos significativos. Além disso, a manipulação da narrativa histórica tem sido usada para minimizar a gravidade do genocídio, apresentando as mortes como consequências de ações militares legítimas. A luta pela memória e reconhecimento do genocídio armênio continua, com a comunidade armênia e sua diáspora realizando campanhas de conscientização. O compromisso com a verdade histórica é essencial para evitar a repetição de atrocidades e para garantir que as memórias das vítimas não sejam apagadas.

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