Flamengo enfrenta controvérsia sobre futura liga de futebol no Brasil

O Flamengo é envolvido em polêmica ao se opor à formação de uma nova liga de futebol no Brasil, levantando debates sobre direitos de transmissão e modelos de negócios.

08/10/2025, 16:48

Autor: Felipe Rocha

O Flamengo, um dos clubes mais emblemáticos do futebol brasileiro, se encontra no centro de uma polêmica ao negar sua saída da Libra, a liga de clubes que busca reformular o futebol no país. O diretor executivo do clube, Bap, em suas declarações, deixou claro que, caso a proposta da nova liga envolva o pagamento de taxas a outros clubes sem garantir um retorno justo, esse modelo não será viável. A afirmação de Bap gerou uma onda de reações entre torcedores e especialistas, cada um apresentando seu ponto de vista sobre a eficácia e a necessidade de uma liga que promova um futebol mais competitivo e rentável.

A discussão se intensificou em virtude do descontentamento de alguns clubes em relação ao atual modelo de distribuição de receitas, especialmente no que diz respeito aos direitos de transmissão. Muitos acreditam que o Flamengo, por sua popularidade e capacidade de atrair audiência, deveria ter uma fatia maior dos salários veiculados. No entanto, a declaração de Bap parece indicar a resistência do clube em aceitar um modelo que favoreça a unificação de receitas sem considerar as marcas individuais dos clubes e suas respectivas audiências.

Um dos comentários feitos a respeito do tema sugere que, para alguns clubes, a tentativa de uniformidade no pagamento das premiações é vista como uma forma de opressão, externando a falta de compreensão sobre a competitividade do futebol atual. Isso evidencia que a desigualdade financeira entre os clubes não se limita apenas aos números, mas também à percepção das torcidas e dos dirigentes. Os torcedores reagem com um misto de ironia e desespero, uma vez que situações similares já foram presenciadas em tentativas anteriores de liga, como o fracassado Campeonato Carioca que se esforçou para apostar em transmissões digitais.

A comparação entre clubes brasileiros de sucesso, como o Real Madrid e o Bayern de Munique, trouxe à tona um questionamento recorrente: por que essas potências do futebol mundial não investem em plataformas de streaming próprias? O entendimento é que, apesar de suas marcas globais, esses clubes sabem que, no cenário atual, o retorno financeiro por meio de transmissões independentes é muito incerto, especialmente se considerarmos as condições do mercado brasileiro.

O sentimento de um torcedor crítico emerge ao afirmar que, em um cenário de desigualdade, o Flamengo continuará a ser visto como um “privilegiado” enquanto o resto dos clubes luta para sobreviver. Isso é apoiado por outra voz notável que traça uma analogia entre a situação dos clubes e as disparidades sociais do país. Essas comparações ilustrativas desafiam a lógica de que todos os clubes devem compartilhar a riqueza da mesma forma, quando visivelmente há desníveis entre as marcas e suas respectivas contribuições ao campeonato.

A resistência ao modelo proposto pela Libra suscita também o temor entre torcedores e comentaristas de que a alternativa seja a criação de uma "liga amarela", uma expressão irônica para denotar uma competição que não teria o mesmo valor prestigiado do torneio nacional. Esse receio se baseia na possibilidade de que, em um cenário de descontentamento, clubes possam tentar formar seus próprios campeonatos, o que certamente fragmentaria ainda mais o já conturbado cenário do futebol brasileiro.

Finalmente, essa divergência reflete também a falta de diálogo entre os principais clubes e suas gestões. A crítica é de que dirigentes com visão estreita estão mais preocupados em manter seus privilégios do que em criar um ambiente competitivo que favoreça não apenas seus clubes, mas o futebol nacional como um todo. A pressão pelo fortalecimento e pela união está presente, mas a ausência de entendimento comum entre os envolvidos pode levar ao colapso das boas intenções.

Essa situação traz à luz a necessidade de uma revisão urgente sobre como os clubes estão abordando sua gestão e compromisso com o esporte. Ao invés de depender de estratégias tradicionais de se fechar em suas torres de marfim, a comunidade do futebol deverá encontrar maneiras inovadoras de promover um ambiente inclusivo que possa beneficiar todos os participantes — tanto as grandes potências, quanto os clubes menores, que desejam um dia se equilibrar no jogo. Se não houver um consenso, o futuro do futebol brasileiro pode ser mais fragmentado ainda, deixando para trás a efervescência que sempre fez do esporte a paixão nacional que conhecemos hoje.

Fontes: Globo Esporte, ESPN Brasil, UOL Esporte