19/12/2025, 00:28
Autor: Laura Mendes

No último dia 2 de outubro de 2023, o governo da Finlândia se viu em meio a uma onda de críticas internacionais após um gesto racista cometido por membros do parlamento. O episódio começou quando Sarah Dzafce, que representa a Finlândia no concurso de Miss Universo, postou uma imagem em suas redes sociais fazendo um gesto que puxava os olhos para trás, uma ação que perpetua estereótipos raciais negativos. A postagem foi acompanhada pela legenda "Comendo com uma pessoa chinesa", gerando indignação não apenas dentro da Finlândia, mas em várias partes do mundo, especialmente em países da Ásia.
Após a repercussão negativa da publicação, Dzafce foi destituída de seu título de Miss Finlândia. A situação complicou ainda mais quando políticos da coalizão governista, incluindo membros da extrema direita, publicaram suas próprias versões do gesto, expressando apoio à ex-Miss de maneira que apenas acirrou os ânimos. As escolas de pensamento conservadoras na Finlândia há muito se tornam alvo de crítica por suas posturas, agora evidente na sua resposta ao escândalo.
Como resultado, a Finlândia decidiu pedir desculpas oficialmente à China, Japão e Coreia do Sul. Esse pedido foi comunicado por um alto funcionário em uma coletiva de imprensa, que enfatizou a necessidade de reparar relações diplomáticas em um contexto em que o país já conta com um número significativo de turistas desses países e mantém laços comerciais robustos. É um reconhecimento da crescente interdependência global e do impacto das ações de figuras públicas nas relações internacionais.
Entretanto, a sinceridade do pedido de desculpas foi questionada. Muitos críticos, incluindo cidadãos finlandeses e especialistas em relações internacionais, argumentam que os pedidos de desculpas foram mais uma ação de "controle de danos" do que uma verdadeira demonstração de arrependimento. Comentários nas redes sociais destacaram que as desculpas pareciam mais uma formalidade, já que os responsáveis pelo gesto e suas defesas públicas permanecem posições de poder. Essa situação aponta para uma dualidade na percepção cultural em relação ao racismo e como ele é lidado na sociedade contemporânea, especialmente nas nações que têm historicamente se visto como homogêneas.
As declarações emitidas por líderes políticos também refletem uma desconexão entre a elite e os cidadãos, levando a questionamentos sobre até que ponto realmente se cansaram de episódios racistas. A frase "Pedimos desculpas à China, à China e à China pelo racismo", proferida durante a coletiva, evidenciou a gravidade da situação, mostrando não apenas a repetição do pedido, mas também o impacto de comunicações inadequadas e a falta de um discurso coerente em tempos de delicadeza. A preocupação com a recepção do público asiático é gritante, tendo em vista o crescente ativismo em resposta ao racismo e à discriminação em várias partes do mundo.
O gesto ofensivo e a subsequente reação da Finlândia são sintomáticos de um problema mais amplo que afeta muitas sociedades ocidentais, onde o racismo muitas vezes é minimizado ou negligenciado. Observadores culturais observaram que o racismo, embora muitas vezes velado, pode se manifestar em atos de desprezo que revelam preconceitos profundos enraizados. Diante do mundo cada vez mais conectado, ações como essas são observadas e criticadas em tempo real, e a raporto de danos é irreversível em um mundo onde a presença digital é tão impactante.
Por sua vez, a população finlandesa está dividida, com alguns defendendo que a cultura do país precisa evoluir e educar seus cidadãos sobre diversidade e respeito mútuo. Outros expressaram frustração com o que percebem como uma “cultura da ofensa”, sugerindo que as críticas internacionais são desproporcionais e que a sociedade finlandesa ainda está curiosamente distante de muitos dos debates sobre raça e inclusão que ocorrem na Europa e nos Estados Unidos.
As desculpas emitidas significam um passo na direção correta, embora muitos ainda busquem ações concretas que garantam que essas questões de discriminação sejam tratadas de forma menos superficial. O papel dos educadores e da política é crucial para moldar uma nova narrativa, onde o respeito pela diversidade não seja apenas um discurso, mas uma prática efetiva enraizada na cultura finlandesa. Portanto, as desculpas devem ser o início de um diálogo mais amplo e inclusivo que aborde as preocupações substanciais que emergem de tais incidentes.
Fontes: BBC, The Guardian, Yle, Helsingin Sanomat
Detalhes
Sarah Dzafce é uma modelo e ex-Miss Finlândia, conhecida por sua participação no concurso de Miss Universo. Sua carreira ganhou notoriedade após um incidente controverso em 2023, quando fez um gesto racista em uma postagem nas redes sociais, levando a uma onda de críticas e sua destituição do título. A situação gerou debates sobre racismo e a cultura na Finlândia.
Resumo
No dia 2 de outubro de 2023, a Finlândia enfrentou críticas internacionais após a ex-Miss Finlândia, Sarah Dzafce, postar uma imagem racista em suas redes sociais, fazendo um gesto que perpetua estereótipos negativos sobre asiáticos. A postagem gerou indignação global, especialmente na Ásia, levando à sua destituição do título. A situação se agravou quando políticos, incluindo membros da extrema direita, apoiaram Dzafce, intensificando a controvérsia. Em resposta, o governo finlandês pediu desculpas oficialmente à China, Japão e Coreia do Sul, reconhecendo a importância de reparar relações diplomáticas. No entanto, a sinceridade dessas desculpas foi questionada, com críticos argumentando que foram mais um ato de "controle de danos" do que um verdadeiro arrependimento. A situação reflete uma desconexão entre a elite política e a população, evidenciando um problema mais amplo de racismo nas sociedades ocidentais. A divisão entre os cidadãos finlandeses sobre a necessidade de evolução cultural e educação sobre diversidade destaca a complexidade do debate sobre raça e inclusão no país.
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