12/12/2025, 12:24
Autor: Ricardo Vasconcelos

A Europa encontra-se em uma encruzilhada em relação à sua segurança e estabilidade geopolítica, em meio às crescentes tensões com a Rússia, que é acusada de estar conduzindo uma estratégia de guerra híbrida no continente. A preocupação central envolve não apenas a invasão da Ucrânia, mas um conjunto complexo de ações que incluem sabotagens, propaganda e provocações, levando muitos a questionar a capacidade da união europeia de se proteger adequadamente no atual panorama internacional.
O pano de fundo dessa situação se agrava pela percepção de que a dependência militar da Europa em relação aos Estados Unidos, especialmente no que tange à OTAN, está em xeque. Muitos analistas argumentam que as nações europeias não se prepararam para autonomizar suas estratégias de defesa, uma vez que confiaram por muito tempo na força dos EUA como baluarte contra potenciais ameaças. Com a administração americana indicando uma possível redução de seu envolvimento em assuntos europeus, surgem dúvidas sobre como os países do velho continente irão responder a um cenário onde a Rússia poderia ampliar sua influência.
Um espectador atento pode notar que a narrativa de uma ameaça russa omnipresente está sendo reforçada por líderes da Europa que estão, ao que parece, amplificando os níveis de alerta sob a bandeira da segurança. O questionamento que surge é se há um fundamento real para esse medo ou se as elites políticas estão, de fato, engajando em uma forma de manipulação psicológica para justificar políticas de defesa mais robustas, que, historicamente, podem inclinar-se a limitar liberdades democráticas em nome da segurança.
Nesse clima, grandes debates estão sendo travados, onde muitos se perguntam se a Rússia realmente teria a intenção de levar a guerra a capitais como Paris e Bruxelas, ou se as ações russas são mais investidas em conflitos de natureza simbólica ou informacional, um meio de desestabilizar os países europeus sem uma invasão direta. A chamada guerra híbrida, que mistura elementos convencionais e não convencionais de confronto, é definida por ações sutis que visam provocar medo e desconfiança dentro da própria estrutura da União Europeia.
A questão sobre como a França, por exemplo, garantirá a sua segurança caso a OTAN se desfaça ou se retire dos assuntos europeus é premente. Alguns especialistas atentam para o fato de que mesmo com a retórica acirrada, a capacidade militar russa de avançar sobre os países do Leste Europeu é limitada, diante das dificuldades que enfrentam em conflitos já existentes, como o da Ucrânia. Sob essa perspectiva, um número crescente de vozes propõe uma nova reflexão sobre a natureza da segurança na Europa e a necessidade de uma integração mais forte entre as nações do continente para lidar com ameaças emergentes.
No entanto, ainda paira no ar a dúvida sobre a realização de acordos econômicos que poderiam ajudar a mitigar a crise e fortificar as economias nacionais, tendo em vista que a demografia em declínio e problemas estruturais nas economias europeias se agravam com desafios como a inflação e a regulamentação excessiva. Este é um ciclo que pode trazer à tona incertezas, colocando os países em uma posição vulnerável frente a adversários estratégicos.
O impasse de como a Europa deve responder à Rússia, se é por meio de ações diplomáticas ou militarizadas, requer um consenso substancial entre as nações-membro. Com a retórica crescente em prol da preparação para a guerra, talvez seja um momento tão crítico quanto o de muitos anos atrás, quando forças antagônicas se preparavam para uma confrontação em larga escala, e a história frequentemente mostra que em tempos de crise, as soluções para problemas de segurança nebulosa são frequentemente forjadas de maneira apressada, sem a necessária deliberação e consideração.
Com isso, os líderes precisam agir com cautela, buscando não apenas uma solução imediata para a crise, mas também um panorama que permita a reconstrução e a resiliência da Europa diante das incertezas globais e as complexas interações que definem o cenário geopolítico atual. As ações que se tomarem nos próximos meses podem definir, não somente o futuro da segurança europeia, mas também as relações internacionais por anos a fio.
Fontes: BBC News, The Guardian, Folha de São Paulo, Foreign Affairs, Al Jazeera
Resumo
A Europa enfrenta um dilema sobre sua segurança e estabilidade geopolítica, exacerbado pelas tensões com a Rússia, que é acusada de implementar uma estratégia de guerra híbrida. A invasão da Ucrânia e ações como sabotagens e propaganda levantam questões sobre a capacidade da União Europeia de se proteger. A dependência militar da Europa em relação aos EUA, especialmente via OTAN, é criticada, com analistas sugerindo que os países europeus não se prepararam para uma defesa autônoma. Enquanto líderes europeus amplificam a narrativa da ameaça russa, surge a dúvida se isso é uma manipulação para justificar políticas de defesa mais rígidas. Debates sobre a real intenção da Rússia e a natureza da guerra híbrida estão em alta, com especialistas questionando a capacidade militar russa. Além disso, a necessidade de acordos econômicos para mitigar crises e fortalecer economias é urgente. A resposta da Europa à Rússia, seja por diplomacia ou militarização, requer consenso entre as nações-membro, destacando a importância de soluções cautelosas e de longo prazo para a segurança e resiliência europeias.
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