11/12/2025, 14:55
Autor: Ricardo Vasconcelos

Em meio a crescentes tensões geopolíticas e uma Europa cada vez mais fragmentada, vazamentos sobre uma estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos revelam que a administração Biden está buscando maneiras de persuadir pelo menos quatro países da União Europeia a abandonar o bloco. De acordo com informações divulgadas pelo site de defesa americano Defense One, as nações identificadas como alvos são Áustria, Hungria, Itália e Polônia. A iniciativa, que visa "Tornar a Europa Grande Novamente", levanta questões sobre a segurança e a coesão política no velho continente, à luz das lembranças do Brexit e das suas consequências.
O Brexit, que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, resultou em uma série de complicações políticas e econômicas, incluindo a série de movimentos populistas e de extrema-direita que começou a ganhar força em várias partes da Europa. Essa movimentação já é citada como um exemplo negativo por muitos, e, no entanto, parece que os Estados Unidos pretendem aproveitar as fragilidades atuais da União Europeia para reforçar sua influência. A situação é particularmente preocupante para os membros existentes da UE, que já estão lidando com as consequências do nacionalismo crescente e da polarização política.
A Hungria, por exemplo, é frequentemente mencionada como um candidato fácil devido à sua política de extrema-direita sob a liderança de Viktor Orbán. Esse governo tem flertado publicamente com o anti-globalismo e políticas nacionalistas, criando um ambiente propício para a influência estadunidense. Com uma crescente oposição dos seus próprios cidadãos a políticas que limitam direitos e liberdades civis, Orbán poderia encontrar na perspectiva de uma aliança mais próxima com os EUA uma justificativa para se afastar da UE.
A Áustria e a Itália também têm visto um aumento no apoio a partidos políticos de direita, o que as torna suscetíveis a propostas de reconfiguração de alianças. Não é apenas uma questão de ideologia, mas também uma percepção populacional de que as instituições da UE não estão atendendo às suas necessidades. Com a sensação de que esses países estão perdendo sua autonomia sob as políticas de austeridade ou regulatórias advindas de Bruxelas, o apelo de se afastar da UE pode parecer mais atraente para alguns eleitores.
Os comentários em torno do tema expressam tanto ceticismo quanto apoio a essa mudança. Um comentário destaca a ideia de que, em um futuro em que mais países da UE possam seguir o exemplo do Reino Unido, haverá a necessidade de um novo arranjo comercial, possivelmente gerando uma nova relação com os EUA que poderia incluir tarifas punitivas. Essa visão destaca o dilema em que esses países se encontram; a saída da União Europeia não é garantida como uma solução simples e, em alguns casos, poderia levar a um retrocesso econômico.
Ainda que o governo polonês tenha uma relação tensa com a UE devido a acusações de violar normas democráticas, sua saída do bloco está longe de ser uma solução unânime. Este dilema é exacerbado pela presença da Rússia, cujas intenções têm causado alarde entre os membros da UE. A influência russa em países como a Polônia e a Hungria é um fator que deve ser considerado na dinâmica de se afastar da Uniões, pois poderiam se tornar mais vulneráveis a pressões externas.
Esse quadro complicado apresenta um risco de fragmentação da União Europeia que poderia abrir espaço para a expansão da influência russa e de outros adversários estratégicos. O fortalecimento da extrema-direita em várias nações europeias também foi uma preocupação que se manifestou em muitos comentários. O histórico da Rússia em tentativas de influenciar as políticas de países ocidentais através de intervenções diretas e indiretas levanta questões sérias sobre segurança e integridade nacional.
A situação atual exige vigilância e ação coordenada entre os países da União Europeia para evitar uma divisão que poderia não apenas enfraquecer os laços entre eles, mas também dar força a ideais polarizadores. A complexidade dos relacionamentos contemporâneos, especialmente diante das novas tendências da política internacional, torna este um assunto que merece uma análise cuidadosa e uma resposta estratégica. A administração Biden, assim, encontra-se em um campo de batalha político que não apenas desafia a coesão da UE, mas que também revela a luta contínua pela influência global entre as democracias ocidentais e regimes autoritários.
Fontes: Defense One, The Guardian, Le Monde
Detalhes
Viktor Orbán é o primeiro-ministro da Hungria, conhecido por suas políticas de extrema-direita e por promover uma agenda nacionalista e anti-globalista. Desde que assumiu o cargo em 2010, Orbán tem sido uma figura polarizadora na política europeia, frequentemente criticado por suas ações que limitam direitos civis e democráticos. Seu governo tem buscado fortalecer a soberania húngara em detrimento das normas da União Europeia, criando um ambiente propício para a influência de potências externas, como os Estados Unidos.
Resumo
A administração Biden está buscando persuadir quatro países da União Europeia — Áustria, Hungria, Itália e Polônia — a se afastarem do bloco, conforme revelado por vazamentos sobre uma estratégia de segurança nacional dos EUA. A iniciativa, intitulada "Tornar a Europa Grande Novamente", levanta preocupações sobre a segurança e a coesão política na Europa, especialmente após as consequências do Brexit. O governo húngaro de Viktor Orbán, que adota uma política de extrema-direita, pode ser um alvo fácil para essa influência, enquanto a Áustria e a Itália também enfrentam um aumento no apoio a partidos de direita. A saída da UE é vista com ceticismo, já que poderia resultar em complicações econômicas, e a relação tensa da Polônia com a UE não garante um apoio unânime a essa mudança. A influência russa e o fortalecimento da extrema-direita na Europa são fatores que complicam ainda mais a situação, exigindo vigilância e ação coordenada entre os membros da UE para evitar uma fragmentação que poderia beneficiar adversários estratégicos.
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