08/09/2025, 00:58
Autor: Laura Mendes
Um recente estudo aponta que a população da Coreia do Sul pode experimentar uma diminuição drástica, com a possibilidade de uma redução de até 85% nos próximos 100 anos. A pesquisa trás à tona preocupações sérias sobre o futuro demográfico do país e suas consequências sociais e econômicas. A situação demográfica da Coreia do Sul é considerada crítica, com a taxa de natalidade atualmente abaixo de 1,1 filho por mulher, bem abaixo da taxa de reposição de 2,1 necessária para manter a população estável.
Especialistas apontam que a redução acentuada da população pode resultar em diversas consequências indesejáveis. Uma delas é a potencial estagnação econômica. Ao longo da história, nações que enfrentaram quedas populacionais abruptas tiveram dificuldade em se adaptar às novas realidades. As economias crescem de acordo com a força de trabalho, e uma população em declínio pode significar menos consumidores, um mercado de trabalho encolhido e, consequentemente, um crescimento econômico desacelerado. Em um cenário em que prédios e ruas se tornam vazios, as despesas para manter uma infraestrutura em deterioração aumentariam, com necessidade de serviços como água e energia ainda a existir sem uma população suficiente para sustentá-los.
Além do impacto econômico, a questão demográfica sul-coreana também toca em aspectos culturais e sociais significativos. A pressão sobre os sistemas de saúde e previdência social aumentaria substancialmente com uma população envelhecida, composta por um número cada vez menor de jovens trabalhadores ativos. Isso nos leva a refletir sobre a sustentabilidade das economias baseadas principalmente em uma força de trabalho jovem e vigorosa. os desafios apresentados pela redução populacional precisam de um discurso crítico em relação à estrutura social, que se vê contaminada por uma cultura de trabalho excessivo e pressões sociais que desestimulam a formação de famílias.
Outra questão relevante é a desigualdade de gênero, que se mostra evidente quando discutimos a baixa taxa de natalidade no país. As mulheres, que muitas vezes são vista como as principais responsáveis pela procriação, enfrentam barreiras significativas que dificultam a decisão de ter filhos, incluindo a precariedade do trabalho, a falta de acesso a creches acessíveis e a desigualdade salarial. Essa ineficácia de políticas sociais também gera um ciclo vicioso, onde a necessidade de um salário digno para criar filhos não se encontra alinhada com a realidade econômica.
Além disso, especialistas destacam que a Coreia do Sul não é a única nação a enfrentar uma crise de natalidade. Vários países da região do Leste Asiático, como Japão e Cingapura, também têm visto suas populações estagnarem ou declinarem, levantando questões sobre o impacto da urbanização, pressões econômicas e mudanças nos comportamentos sociais e familiars.
Aqui reside o dilema: é um paradoxo sustentável ou uma crise em formação? Por um lado, alguns argumentam que uma população reduzida pode beneficiar o meio ambiente e permitir que áreas urbanas se recuperem da pressão da urbanização excessiva, trazendo um ciclo positivo para a natureza que pode melhorar a qualidade de vida. Por outro, uma economia industrializada pode não conseguir reverter sua trajetória de queda populacional sem políticas ativas direcionadas para aumentar a natalidade.
Para lidar com essa questão, muitos defendem a necessidade de uma mudança cultural significativa, que substitua as antigas normas e abra espaço para novas políticas que beneficiem tanto a natalidade quanto o bem-estar da população. Isso inclui facilitar a conciliação entre vida profissional e familiar, assegurar cuidados infantis acessíveis e promover uma igualdade de gênero mais robusta.
Em resumo, a previsão de uma diminuição drástica da população da Coreia do Sul apresenta um cenário complexo que não envolve apenas números, mas também impacta profundamente a vida cotidiana, a economia e a cultura do país. A resposta a essa crise não está clara, mas a discussão sobre as medidas necessárias deve ser priorizada para evitar que a realidade demográfica se torne uma tragédia social e cultural ainda mais profunda. A hora de agir é agora, antes que o futuro que se descortina se torne uma realidade inescapável.
Fontes: The Korea Times, BBC, The Diplomat, World Population Review
Resumo
Um estudo recente alerta para uma possível redução de até 85% da população da Coreia do Sul nos próximos 100 anos, levantando sérias preocupações sobre as consequências sociais e econômicas. A taxa de natalidade do país está em 1,1 filho por mulher, bem abaixo da taxa de reposição de 2,1 necessária para manter a população estável. Especialistas indicam que essa diminuição populacional pode levar à estagnação econômica, com menos consumidores e um mercado de trabalho encolhido, além de aumentar os custos de manutenção da infraestrutura. A questão demográfica também afeta aspectos culturais e sociais, como a pressão sobre sistemas de saúde e previdência, e a desigualdade de gênero, que dificulta a decisão das mulheres de ter filhos. Outros países do Leste Asiático, como Japão e Cingapura, enfrentam crises semelhantes. A discussão sobre a necessidade de mudanças culturais e políticas que incentivem a natalidade e melhorem o bem-estar da população é urgente, pois a resposta a essa crise demográfica pode determinar o futuro do país.
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