Estados Unidos repensa prioridades de segurança enquanto Europa busca autonomia

A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA levanta questionamentos sobre dependência da Europa e as implicações geopolíticas para a segurança global.

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16/12/2025, 21:44

Autor: Ricardo Vasconcelos

A imagem mostra uma sala de conferência internacional, com líderes de diferentes nações discutindo intensamente sobre segurança e defesa. As bandeiras dos Estados Unidos, União Europeia e China estão visíveis ao fundo, enquanto um mapa mundano destaca a região do Indo-Pacífico. Os líderes expressam expressões de seriedade e preocupação, refletindo a tensão geopolítica atual.

No atual cenário geopolítico, as relações entre os Estados Unidos e a Europa estão passando por uma reavaliação significativa, destacada pela nova Estratégia de Segurança Nacional (NSS) dos EUA. Esse documento, que recentemente ganhou destaque na mídia, sugere uma mudança de prioridades, com os EUA concentrando-se mais na segurança interna e na resiliência do Hemisfério Ocidental, enquanto a Europa busca maior autonomia estratégica em relação a questões de defesa e segurança.

Os comentários que rodeiam a discussão sobre essa nova estratégia revelam a preocupação com a dependência europeia da defesa oferecida pelos EUA. A percepção de uma falta de reciprocidade nas prioridades de segurança tem gerado discussões acaloradas. De acordo com algumas análises, essa dependência não é apenas benéfica para os EUA, mas foi, na verdade, uma política intencional que ajudou a moldar o panorama de segurança na região. A crescente autonomia da Europa, especialmente em relação à China, parece ser um reflexo da necessidade de garantir interesses próprios sem depender exclusivamente de aliados tradicionais.

Os eventos recentes, particularmente a guerra na Ucrânia, suscitaram um novo sentido de urgência nas lideranças europeias. A incerteza sobre onde recaem as verdadeiras responsabilidades pela segurança coletiva levou a um recalibrar das expectativas europeias em relação a Washington. O presidente francês Emmanuel Macron, por exemplo, declarou que a Europa não deve ser um mero "seguidor" das políticas dos EUA e se mostrou hesitante em se comprometer em conflitos que possam envolver a China e Taiwan. Além disso, há preocupações significativas sobre a capacidade dos líderes europeus de atuarem de maneira coesa e efetiva, especialmente quando se trata de aumentar os gastos em defesa.

A questão dos gastos militares é um ponto crítico nessa discussão. Vários países europeus, como a Espanha, demonstraram resistência em atender às metas de gastos da OTAN, o que levanta questões sobre a verdadeira disposição da Europa em assumir responsabilidades em sua própria defesa. Em resposta à hesitação europeia, diferentes analistas apontam que este é um sinal não apenas de fraqueza, mas também de uma incapacidade crescente de lidar com ameaças na região, que vão desde a Rússia até a China. O novo NSS dos EUA, que foi criticado por ignorar as ameaças existentes, particularmente da Rússia e da China, destaca uma divisão nas prioridades entre os dois lados do Atlântico.

Michael McFaul, pesquisador sênior da Hoover Institution, em artigo ao *Wall Street Journal*, criticou a nova estratégia, enfatizando que a tentativa de concentrar o foco em ameaças de segurança no Hemisfério Ocidental poderia levar a um descuido das emergentes tensões globais. Para ele, o fato de a maioria dos americanos apoiar a ajuda militar à Ucrânia e melhores relações com os aliados tradicionais é um indicativo de que, apesar da reavaliação das prioridades, o apoio à defesa coletiva ainda persiste.

Enquanto isso, outros países europeus estão demonstrando uma variedade de reações. A Bélgica, por exemplo, recentemente pediu uma reavaliação do plano para lidar com ativos russos congelados em apoio à Ucrânia. Essa pressão interna reflete a complexa dinâmica em jogo, onde a necessidade de uma postura unificada e firme se contrasta com a heterogeneidade de interesses e prioridades entre os países membros da União Europeia.

As implicações dessa nova orientação dos EUA podem levar também a uma maior rivalidade militar na Ásia. A tentativa americana de recuar de compromissos militares extensivos com a Europa pode resultar em um fortalecimento da posição da China na Ásia Oriental. O equilíbrio de poder está em jogo, e líderes como Macron estão claramente se posicionando para garantir que a Europa não fique à mercê das decisões estratégicas de Washington, mas sim se estabeleça como um ator relevante e independente.

Os tempos atuais exigem uma reavaliação não apenas da estratégia militar, mas das relações internacionais em um mundo cada vez mais multipolar. A questão da segurança europeia e das relações transatlânticas se torna, portanto, um tema central nas discussões contemporâneas, com possíveis repercussões que podem moldar o futuro das alianças militares e políticas globalmente.

Em suma, a interdependência que antes caracterizava a relação entre a Europa e os EUA está dando lugar a uma nova realidade em que a Europa busca afirmar sua autonomia, enquanto os EUA reavaliam seus compromissos de segurança em um contexto global cada vez mais complexo. Essa mudança de dinâmica não apenas impacta a política de defesa, mas também poderá redefinir os conceitos de aliança e cooperação no século XXI. O futuro dessas relações será observado de perto, especialmente em um momento em que a necessidade de um diálogo construtivo e ações coordenadas se torna mais urgente do que nunca.

Fontes: Wall Street Journal, Hoover Institution, fontes de geopolitica e segurança internacional

Detalhes

Emmanuel Macron

Emmanuel Macron é o atual presidente da França, cargo que ocupa desde maio de 2017. Ele é conhecido por suas políticas progressistas e por sua abordagem em temas como a União Europeia, mudanças climáticas e segurança internacional. Macron tem enfatizado a necessidade de uma Europa mais autônoma em questões de defesa e segurança, especialmente em um contexto global em mudança. Sua liderança tem sido marcada por esforços para fortalecer a posição da França e da Europa no cenário mundial.

Resumo

As relações entre os Estados Unidos e a Europa estão passando por uma reavaliação significativa, conforme evidenciado pela nova Estratégia de Segurança Nacional (NSS) dos EUA. O documento sugere uma mudança nas prioridades, com foco na segurança interna e na resiliência do Hemisfério Ocidental, enquanto a Europa busca maior autonomia em questões de defesa. A dependência europeia da defesa dos EUA gerou debates sobre a falta de reciprocidade nas prioridades de segurança. A guerra na Ucrânia intensificou a urgência para os líderes europeus, levando à necessidade de uma postura mais coesa e efetiva em relação aos gastos militares. Países como a Espanha mostram resistência em atender às metas da OTAN, levantando dúvidas sobre a disposição europeia para assumir responsabilidades de defesa. A nova NSS dos EUA, criticada por ignorar ameaças como as da Rússia e da China, destaca a divisão nas prioridades entre os lados do Atlântico. A reavaliação das relações transatlânticas pode resultar em uma maior rivalidade militar na Ásia, com líderes europeus, como Emmanuel Macron, buscando garantir que a Europa se estabeleça como um ator independente no cenário global.

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