14/12/2025, 18:32
Autor: Laura Mendes

Recentemente, uma onda de automação tem moldado o futuro do trabalho, levando em consideração a inteligência artificial (IA) como uma solução prática para empresas que buscam aumentar a produtividade e reduzir custos. Essa transformação levantou preocupações sérias sobre o impacto da IA na força de trabalho, uma vez que muitos profissionais se veem à mercê da substituição por máquinas inteligentes. Estudos sugerem que esse fenômeno está apenas começando, criando um cenário que pode ser tanto promissor quanto aterrorizante.
Indústrias inteiras têm sido reestruturadas em decorrência desses avanços, e relatos de profissionais que enfrentaram demissões devido à crescente adoção da IA não são incomuns. Comentários de trabalhadores de diversos setores refletem um sentimento de ansiedade e insatisfação. Muitos expressam que a IA não é apenas uma ferramenta, mas a rainha de uma nova ordem econômica que prioriza resultados rápidos sobre as pessoas. “As empresas estão olhando para a IA como se fosse um ser humano com uma assinatura mensal barata”, afirmou um dos comentaristas, ressaltando como é fundamental adaptar-se a essas mudanças.
A transformação digital trouxe à tona a discussão sobre a importância de regulamentação em torno do uso de IA no ambiente profissional. Profissionais da área salienta a necessidade urgente de um controle mais rigoroso sobre essa prática. “A prática forçada de IA deve ser regulamentada e se tornou ilegal”, relatou um comentarista, destacando a urgência de medidas que protejam os trabalhadores contra a perda de seus empregos para sistemas automatizados.
Exemplos históricos de automações que provocaram perdas significativas de emprego corroboram essa preocupante tendência. Por exemplo, há aproximadamente 40 anos, máquinas de corte de vinil assistidas por computador eliminaram a profissão de pintores de letreiros quase que da noite para o dia. Mesmos traços podem ser vistos em setores como a indústria de joias, que rapidamente se adaptou a fresadoras CNC e impressoras 3D, colocando milhares de modeladores para fora do mercado. A era digital não ficou para trás, causada pelo advento do internet banking, que dizimou a carreira de caixas de bancos, e as câmeras de celular, que transformaram a fotografia profissional em uma luta pela relevância.
Diante dessa realidade, a discussão acerca de uma renda básica universal, uma proposta que visa garantir um meio de sobrevivência a todos, ganha destaque. Se a automação eliminar a maioria dos empregos, os benefícios financeiros dessa nova economia precisam ser compartilhados por toda a sociedade. Em um mundo com 50% ou mais de desemprego, a falta de uma rede de segurança econômica seria catastrófica. Dito isso, as vozes que clamam por uma renda básica universal se tornam cada vez mais urgentes. “É difícil imaginar um mundo em que todos tenham uma renda básica universal e trabalhem apenas entre dez a vinte horas por semana”, ponderou um comentarista.
Além das implicações econômicas, a adoção acelerada da IA também suscita um dilema ético. Os trabalhadores que se sentem pressionados a utilizar sistemas de IA em suas atividades diárias relatam uma desconexão entre suas habilidades e a crescente dependência das máquinas. Um trabalhador admitiu: “Eu uso muito a IA devido a KPIs (indicadores-chave de desempenho) e bônus diretamente ligados à produtividade. Evito usar fora do trabalho para neutralizar o dano que a IA vai causar às minhas habilidades.”
A ativação de um ciclo vicioso em que as empresas de tecnologia investem trilhões em infraestrutura de IA, baseando suas expectativas de retorno nos investimentos governamentais e na substituição de trabalhadores, agrava a situação. Há um reconhecimento claro de que a implementação de IA não é apenas uma alternativa para aumentar a eficiência operacional, mas sim uma tentativa de reestruturar todo o mercado de trabalho à imagem das novas tecnologias.
Diante desse panorama desafiador, a sociedade precisa se preparar para uma transição. O diálogo sobre o futuro do trabalho deve incluir a voz daqueles que foram mais diretamente afetados por essa transição, e as políticas públicas devem se adaptar para proteger aqueles que perderam seus empregos para a automação. Os tomadores de decisão precisam se unir para discutir formas de implementar uma economia mais inclusiva, onde os benefícios da tecnologia sejam compartilhados por todos, e não apenas por uma minoria privilegiada.
Portanto, à medida que a inteligência artificial continua a se infiltrar nas indústrias, a caminhada em direção à adaptação social e econômica se torna uma urgência. O futuro do trabalho depende da habilidade da sociedade de se reinventar e abraçar não apenas a inovação, mas a responsabilidade que vem com ela.
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, The Guardian, MIT Technology Review
Resumo
A automação, impulsionada pela inteligência artificial (IA), está transformando o futuro do trabalho, levantando preocupações sobre a substituição de profissionais por máquinas. Muitos trabalhadores expressam ansiedade diante da crescente adoção de IA, que é vista como uma prioridade para empresas que buscam eficiência e redução de custos. A necessidade de regulamentação no uso da IA no ambiente profissional é ressaltada, com apelos para proteger os empregos dos trabalhadores. Exemplos históricos de automação mostram como profissões desapareceram rapidamente, aumentando a urgência de discutir uma renda básica universal para garantir a sobrevivência em um cenário de desemprego em massa. Além disso, a dependência crescente da IA gera dilemas éticos, com trabalhadores relutando em usar essas tecnologias fora do ambiente de trabalho para preservar suas habilidades. A situação exige um diálogo inclusivo sobre o futuro do trabalho, onde as políticas públicas se adaptem para proteger os afetados pela automação e garantir que os benefícios da tecnologia sejam compartilhados por toda a sociedade.
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