El Salvador enfrenta queda democrática e militarização do governo

O governo de El Salvador, liderado por Nayib Bukele, é criticado por sua rápida desestabilização das instituições democráticas que trouxe segurança à população, mas à custa de direitos civis.

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14/09/2025, 23:50

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma cena dramática de protestos em El Salvador, com cidadãos segurando cartazes contra a corrupção e a militarização, enquanto a bandeira do país flutua ao fundo. No céu, nuvens escuras representam incertezas políticas, enquanto um sol tímido desponta no horizonte, simbolizando esperança e mudança.

Em um contexto cada vez mais desafiador, El Salvador se destaca como um exemplo notório de como a busca pela segurança pode comprometer as estruturas democráticas. Desde que o presidente Nayib Bukele assumiu o poder, o país tem enfrentado um processo veloz de desmantelamento democrático. Com uma abordagem radical no combate à criminalidade, Bukele impôs medidas severas que, segundo críticos, lembram práticas autoritárias, levantando preocupações sobre o futuro das instituições democráticas na nação centro-americana.

A questão da segurança se tornou central na agenda de Bukele. O país, que um dia enfrentou taxas de homicídio alarmantes em decorrência do domínio de gangues, como a Mara Salvatrucha (MS-13), viu uma redução significativa na violência, segundo dados oficiais. No entanto, essa diminuição da criminalidade veio acompanhada de um aumento nas práticas de militarização e repressão. As prisões em massa de supostos membros de gangues, muitas vezes sem o devido processo legal, são um reflexo da filosofia do presidente, que não hesita em argumentar que o fim justifica os meios.

Muitos cidadãos, aliviados com a queda nos índices de violência, expressam apoio a Bukele, acreditando que ele finalmente colocou a segurança da população em primeiro lugar. No entanto, essa sensação de segurança é alimentada por um cenário que atenta contra as liberdades civis fundamentais. A falta de transparência, o desprezo à liberdade de imprensa e o cerceamento da oposição política são preocupações crescentes.

Ativistas e analistas políticos argumentam que os métodos de Bukele podem trazer resultados imediatos, mas as consequências a longo prazo podem ser desastrosas. Condições criadas por um governo autocrático, ainda que sob a justificativa de restaurar a segurança, podem levar a uma desestabilização ainda maior, em que o direito à manifestação, a liberdade de expressão e a proteção dos direitos humanos ficam comprometidos.

Jornais e organizações de direitos humanos internacionalmente respeitados têm chamado a atenção para a erosão da democracia em El Salvador. A concentração de poder nas mãos do presidente, a restrição à liberdade de imprensa e as táticas de intimidação contra jornalistas e opositores têm levantado alertas sobre um cenário sombrio que se avizinha. Críticos se questionam sobre os limites da popularidade de Bukele e até que ponto ele pode seguir com suas políticas sem enfraquecer ainda mais as instituições democráticas do país.

A situação em El Salvador não é única e reflete um fenômeno mais amplo na América Latina, onde diversos países enfrentam desafios semelhantes em termos de governança e respeito às liberdades civis. O aumento do populismo e das medidas autoritárias entre líderes da região tem gerado um clima de incerteza. Afinal, a história ensina que a liberdade não deve ser sacrificada em nome da segurança, e que soluções eficazes para problemas complexos de violência e criminalidade envolvem não apenas a repressão, mas também políticas sociais que abordem as causas raízes.

Além disso, a experiência de outros países que optaram pela militarização na luta contra o crime traz lições que não podem ser ignoradas. O fortalecimento das instituições civis, o respeito ao estado de direito e a promoção de políticas inclusivas são essenciais para garantir uma democracia robusta e sustentável. A história recente de El Salvador serve como um alerta não apenas para os salvadorenhos, mas também para outros países que possam estar caminhando por uma trilha semelhante.

À medida que o governo de Bukele avança em sua agenda de segurança, uma pergunta persiste: até quando a população aceitará abrir mão de suas liberdades em busca de um pouco mais de segurança? As respostas a essa pergunta podem moldar não apenas o futuro de El Salvador, mas também servir como um crítico exemplo para a região e o mundo em sua luta por um equilíbrio entre segurança e direitos. Com a possibilidade de novas eleições e o apelo internacional por uma reflexão mais profunda sobre o estado da democracia no país, o próximo capítulo da história de El Salvador ainda está por ser escrito, mas não sem seu conjunto de desafios significativos.

Fontes: Folha de São Paulo, BBC News, Al Jazeera, Reuters

Resumo

Em El Salvador, o governo do presidente Nayib Bukele tem gerado controvérsias ao implementar medidas severas no combate à criminalidade, levando a um desmantelamento das estruturas democráticas. Desde sua posse, Bukele adotou uma abordagem radical que, embora tenha reduzido as taxas de homicídio, levantou preocupações sobre práticas autoritárias e a erosão das liberdades civis. A militarização e as prisões em massa de supostos membros de gangues, muitas vezes sem o devido processo legal, refletem a filosofia do presidente, que acredita que o fim justifica os meios. Apesar do apoio popular pela queda da violência, críticos alertam para as consequências a longo prazo de um governo autocrático. Jornais e organizações de direitos humanos têm destacado a concentração de poder nas mãos de Bukele e a repressão à liberdade de imprensa. A situação em El Salvador é um microcosmo de um fenômeno mais amplo na América Latina, onde o populismo e medidas autoritárias estão em ascensão, levantando questões sobre o equilíbrio entre segurança e direitos civis.

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