11/12/2025, 13:26
Autor: Ricardo Vasconcelos

Nos últimos dias, a inteligência dinamarquesa emitiu um alerta contundente ao classificar os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, como um risco significativo à segurança internacional. O cenário descrito por autoridades dinamarquesas não só ecoa uma crescente preocupação com a postura militar dos Estados Unidos, mas também ressalta uma introspecção profunda na dinâmica das relações transatlânticas, especialmente considerando as alianças históricas entre países europeus e os EUA.
Essas avaliações de segurança não surgem em um vácuo, sendo respaldadas por uma série de eventos que culminam em um clima de incerteza. Vários países, incluindo os Países Baixos, já iniciaram processos de contenção no que diz respeito ao compartilhamento de informações de inteligência com os Estados Unidos, citando interferências políticas e preocupações sobre direitos humanos como razões para essa mudança de postura. A questão central que permeia esses avisos é o grau de confiança que países aliados podem – ou não – ter em um Estado que frequentemente parece agir de maneira unilateral e agressiva no palco internacional.
A Primeira-Ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, levantou uma questão fundamental durante uma recente discussão com líderes da União Europeia: "Qual é o nosso plano B na Ucrânia se não pudermos confiar em Trump quando chegar a hora?". Essa indagação reflete uma insegurança crescente entre os aliados europeus, que sentem o peso das incertezas geopolíticas geradas pela administração atual dos Estados Unidos. O fato de que líderes europeus, como Emmanuel Macron, tenham apoiado abertamente essa pergunta, sinaliza uma reação coletiva – um incômodo que vai além das fronteiras dinamarquesas e reverbera por todo o continente.
Os serviços de inteligência estão evidentemente cientes de que a situação global está mudando. O alinhamento recente entre Trump e a Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin, levanta questões sobre o futuro do Ocidente e as implicações que isso terá nas relações internacionais. As opiniões expressas por cidadãos americanos que residem na Dinamarca, muitas das quais estão marcadas pela frustração e vergonha em relação ao atual estado de affairs nos EUA, sublinham uma realidade desconfortável: a confiança em liderança americana está sob risco, frequentemente reduzida a um bem fadado momento de dúvida.
Além disso, alguns comentários refletem uma preocupação mais ampla e quase alarmante, em que a visão global dos EUA como uma potência hegemônica está sendo desafiada por potências emergentes, seja como a Rússia ou mesmo aChina, e por ações de governo que colocam em questão a estabilidade dos mais básicos acordos de defesa. Cidadãos de várias partes do mundo expressaram alarmes sonoros sobre um gigante militar que parece agir de acordo com interesses de um pequeno grupo e não com a segurança do mundo. Neste contexto, as avaliações dinamarquesas não estão apenas destacando um problema regional, mas revelando um possível caminho de desconfiança que poderá exigir uma readequação de políticas externas e um fortalecimento das defesas pessoais de cada nação.
Edificações críticas sobre a política externa dos Estados Unidos têm sido propostas, com muitos sugerindo que a resposta à situação deve ser não apenas defensiva, mas também proativa, onde a Europa precisa priorizar a formação de estruturas de segurança que o protejam de uma possível instabilidade criada por decisões unilaterais de Washington. O que se observa na Dinamarca se assemelha a um padrão crescente em outros países europeus, que, de acordo com análises recentes, já estão reavaliando suas posições em relação aos EUA.
Ainda assim, circulam ideologias polarizadoras que se aproveitam do descontentamento atual, multiplicando-se as discussões sobre o papel da América no mundo. O que era antes uma fonte de orgulho se tornou uma vergonha e um fardo para muitos cidadãos americanos, que agora se veem em busca de novos caminhos e identidades além do que significar ser cidadão dos Estados Unidos, onde a narrativa histórica de força e progresso é rapidamente substituída por percepções de falência moral e política.
Em suma, a complexidade dessa nova ordem mundial exigirá que os líderes tomem decisões difíceis e que os cidadãos permaneçam vigilantes. A Dinamarca pode ser apenas o primeiro eco de uma mudança maior e necessária nas relações internacionais, exigindo ponderações sérias sobre a natureza e as implicações das alianças futuras que moldarão um novo equilíbrio de poder no mundo. As instituições devem se adaptar caso desejem garantir um futuro mais seguro e cooperativo, longe da desconfiança e da hostilidade que a época do Trump trouxe à tona.
Fontes: Folha de São Paulo, BBC News, The Guardian
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político americano, conhecido por ter sido o 45º presidente dos Estados Unidos, de 2017 a 2021. Antes de sua carreira política, ele era um magnata do setor imobiliário e uma personalidade da mídia, famoso por seu programa de televisão "The Apprentice". Sua presidência foi marcada por políticas controversas, retórica polarizadora e uma abordagem unilateral nas relações internacionais, que geraram tanto apoio quanto oposição significativa.
Mette Frederiksen é uma política dinamarquesa, membro do Partido Social-Democrata, e desde junho de 2019, serve como Primeira-Ministra da Dinamarca. Ela é a mulher mais jovem a ocupar o cargo e tem se destacado por suas posições em questões de imigração, clima e política de bem-estar social. Frederiksen tem buscado fortalecer a posição da Dinamarca na União Europeia e tem sido uma voz ativa em debates sobre segurança e defesa na região.
Resumo
Nos últimos dias, a inteligência dinamarquesa emitiu um alerta, classificando os Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump como um risco significativo à segurança internacional. Essa avaliação reflete preocupações com a postura militar dos EUA e a confiança dos aliados europeus nas relações transatlânticas. Vários países, incluindo os Países Baixos, estão restringindo o compartilhamento de informações de inteligência com os EUA, citando interferências políticas e questões de direitos humanos. A Primeira-Ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, questionou a confiança em Trump durante uma discussão com líderes da União Europeia, evidenciando a insegurança crescente entre os aliados. Além disso, o alinhamento de Trump com a Rússia levanta questões sobre o futuro do Ocidente. Cidadãos americanos na Dinamarca expressam frustração com a liderança dos EUA, refletindo uma mudança na percepção global do país como potência hegemônica. A Dinamarca representa um eco de uma mudança maior nas relações internacionais, exigindo que os líderes reavaliem suas políticas externas e fortaleçam suas defesas.
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