Desenvolvimento emocional infantil: por que as crianças não percebem ofensas

Entender o desenvolvimento emocional das crianças revela por que muitas vezes elas não percebem quando ofendem os outros, mas se sentem ofendidas rapidamente.

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06/09/2025, 12:43

Autor: Laura Mendes

A imagem mostra um grupo de crianças brincando em um parquinho, com expressões de alegria e curiosidade. No canto, um adulto observa com um olhar pensativo e um leve sorriso, refletindo sobre o desenvolvimento emocional e social das crianças. O sol brilha levemente, criando um ambiente acolhedor.

A compreensão do comportamento infantil e da maneira como crianças reagem em interações sociais tem sido um tema de interesse crescente entre pais e educadores. Muitas vezes, observadores se deparam com a surpreendente realidade de que as crianças, ao proferirem comentários ofensivos, não reconhecem de imediato o impacto de suas palavras nos sentimentos dos outros. Por outro lado, elas frequentemente sentem instantaneamente quando são insultadas. Essa discrepância pode ser atribuída ao estágio de desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças.

O cérebro infantil, ainda em formação, não permite que as crianças compreendam plenamente a dinâmica das emoções humanas. Até cerca dos 4 ou 5 anos, a maioria delas ainda não desenvolveu a capacidade de empatia. Isso significa que, enquanto as crianças conseguem identificar suas próprias emoções, a habilidade de perceber como suas ações podem afetar os outros se desenvolve gradualmente. Essa incapacidade de ver o mundo pela perspectiva de outra pessoa é um aspecto natural da infância, onde o egocentrismo predomina.

Crianças muito jovens, em particular, vivem num mundo onde tudo gira em torno delas. A experiência de que suas ações podem ter consequências para os outros nem sempre é imediatamente reconhecida. Em um contexto de aprendizado, as crianças até podem entender, por meio de exemplos e do guia dos adultos, que certas palavras ou ações podem magoar. Entretanto, a capacidade de antecipar a reação emocional de outra pessoa – uma habilidade que muitos adultos também lutam para manter ao longo da vida – leva muito tempo para se desenvolver.

Por exemplo, ao se deparar com um comentário que diz "você é muito chato", uma criança provavelmente não estará ciente da dor que essas palavras causam. Entretanto, este mesmo possível insulto pode ser prontamente sentido se o posicionamento for invertido, refletindo a incapacidade de perceber que as palavras têm peso em ambos os sentidos. Essa compreensão emocional se torna mais clara com a experiência, mas leva tempo e orientação.

De acordo com especialistas em desenvolvimento infantil, o aprendizado emocional é um processo que continua ao longo da infância. Crianças que estão em fase de alfabetização emocional aprendem gradualmente sobre noções como justiça, empatia e solidariedade. Esse aprendizado pode ser reforçado por feedback positivo e negativo no contexto de suas interações. O papel dos educadores e dos pais é crucial nesse aspecto: quando uma criança diz algo ofensivo, a correção e a educação sobre como os sentimentos de outrem podem ser feridos se tornam oportunidades de aprendizado.

Quando um adulto parece magoado por algo que foi dito, a orientação sobre como lidar com essa situação pode abrir caminhos significativos para a construção do entendimento emocional. Um adulto pode explicar que "o que você disse poderia fazer alguém se sentir triste", e essa conversa pode plantar a semente para um entendimento futuro da empatia. No entanto, a simple observação de que alguém está chateado muitas vezes não é suficiente para que a criança faça a conexão de que precisava ter mais cuidado com suas palavras.

É importante lembrar que essa fase de desenvolvimento não é exclusiva das crianças mais novas. Adultos também podem se comportar de maneira insensível sem perceber. Muitas vezes, é fácil deixar que nosso próprio egocentrismo nos cegue para os sentimentos dos outros. Essa reflexão fornece uma importante mensagem para que tanto pais quanto educadores sejam sempre incentivados a modelar comportamento empático e a promover espaços de diálogo sobre emoções e a percepção da dor alheia.

As crianças estão constantemente experimentando o mundo ao seu redor e, conforme se desenvolvem, aprendem também a considerar o impacto de suas ações. O desafio, portanto, é criar um ambiente onde as crianças possam aprender e experimentar a empatia de uma maneira segura e compreensível. Ao discutirmos esses comportamentos e reações, incorporamos uma voz importante de aprendizado sobre a socialização e o desenvolvimento emocional que potencialmente moldará a forma como essas crianças se conectarão com os outros ao longo de suas vidas. A ausência de empatia não deve ser rotulada como narcisismo, mas sim como um aspecto do aprendizado humano em curso.

Além disso, a educação sobre empatia deve se estender a adultos também. Muitas vezes, o que se espera de uma criança é que ela resolva suas próprias falhas emocionais sem o suporte adequado. No entanto, a responsabilidade de ensinar não deve estar apenas nas mãos das crianças, pois muitos adultos também necessitam de orientações sobre como ver além de suas próprias experiências. Essas lições se tornam a base para o desenvolvimento não só da empatia, mas também de uma sociedade mais acolhedora e compreensiva.

O contínuo estudo do desenvolvimento emocional das crianças é essencial, pois é um tema que envolve complexidade, nuance e um profundo significado para a construção de uma sociedade empática. As interações diárias são, assim, uma oportunidade para as crianças aprenderem e, ao mesmo tempo, uma chance para os adultos refletirem sobre seu próprio comportamento, reconhecendo que todos podem encontrar formas de crescimento emocional e social ao longo de sua vida.

Fontes: Psicologia Hoje, Desenvolvimento Infantil, escolas de educação infantil

Resumo

A compreensão do comportamento infantil e das interações sociais tem atraído a atenção de pais e educadores. Muitas crianças não reconhecem o impacto de comentários ofensivos nos sentimentos dos outros, mas sentem rapidamente quando são insultadas, devido ao seu estágio de desenvolvimento emocional e cognitivo. O cérebro infantil, em formação, limita a capacidade de empatia até cerca dos 4 ou 5 anos, fazendo com que as crianças vejam o mundo de forma egocêntrica. A habilidade de perceber como suas ações afetam os outros se desenvolve gradualmente. Especialistas afirmam que o aprendizado emocional é um processo contínuo, onde crianças aprendem sobre justiça, empatia e solidariedade através de interações e feedback. O papel de pais e educadores é fundamental para corrigir comportamentos ofensivos e ensinar sobre as consequências emocionais das palavras. Além disso, é importante que adultos também reflitam sobre sua insensibilidade, pois o egocentrismo pode cegar para os sentimentos alheios. O estudo do desenvolvimento emocional infantil é crucial para moldar uma sociedade mais empática e acolhedora.

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