11/12/2025, 13:47
Autor: Ricardo Vasconcelos

No dia 12 de outubro de 2023, a Câmara dos Deputados de Santa Catarina tomou uma decisão importante ao rejeitar a cassação do deputado Glauber Braga. O voto dos parlamentares trouxe à tona um intenso debate em torno das estratégias políticas e das relações entre os diversos partidos que compõem a Assembleia. A votação, que envolveu integrantes dos partidos PL e MBL, foi marcada por disputas acaloradas e resultados que geraram repercussão não apenas na casa legislativa, mas em toda a cena política do estado e do país.
Durante o processo de votação, o deputado Kim Kataguiri do MBL, conhecido por suas posturas firmes e um discurso muitas vezes polêmico, argumentou que não havia votos suficientes para a cassação de Glauber. Ele foi claro ao dizer que, embora desejasse a cassação, era evidente que a bancada não conseguiria reunir os 257 votos necessários. O sentimento de frustração foi palpável entre seus apoiadores, que acusaram seus opositores de tentarem transferir a culpa pela não cassação para a bancada do MBL.
Dentre os 25 deputados presentes, seis se ausentaram e outros votaram contra a cassação, alimentando a controvérsia sobre a efetividade e a lealdade dentro das coligações. Alguns críticos destacaram que o PL, que em teoria deveria apoiar a cassação, não se mobilizou adequadamente, o que levantou questões sobre a unidade do partido e os interesses de seus membros.
A rejeição da cassação foi acompanhada de uma série de reações dramáticas. Um dos momentos mais notáveis foi o discurso de Zé Trovão, que assegurou nunca ter intenção de votar pela cassação de um colega, o que acentuou as divisões já existentes entre os grupos aliados e opositores do Bolsonarismo. O descontentamento dentro das fileiras do MBL quanto à situação foi refletido em diversos comentários que surgiram nas redes sociais, onde parlamentares e militantes expressaram suas frustrações e analisaram o resultado da votação.
A decisão de não cassar Glauber também revigorou as tensões em torno do chamado "acordo" que havia sido estabelecido para proteger a deputada Zambelli, outro personagem polêmico do cenário político. O fato de que, em menos de 48 horas, Lindemberg, outro deputado, acionou o STF contra Zambelli, levou muitos a questionar a lógica da negociação e a eficácia dos acordos entre esses grupos, evidenciando a fragilidade das alianças no atual cenário político.
Essas mudanças provocadas pela votação não passaram despercebidas e expuseram a dificuldade dos deputados em manter a coesão em seus partidos. Os comentários de internautas e analistas políticos apontavam para a percepção de que o Bolsonarismo ainda detém uma força considerável, mesmo diante de um cenário político muitas vezes confuso e repleto de alianças instáveis. A narrativa de que Kim Kataguiri foi o responsável por impedir a cassação, mesmo com suas justificativas lógicas, não caiu bem entre os críticos, que o acusaram de ser conivente com o que consideram um erro do PL.
À medida que o impasse persiste, observa-se que o episódio com Glauber é mais um capítulo nas disputas complexas do Brasil contemporâneo, onde a política se desenrola em um campo de batalha não só de ideias, mas também de estratégia e sobrevivência política. A decisão de não cassar o deputado coloca novamente no centro do debate os limites eticamente questionáveis de negociações políticas e as repercussões que suas decisões têm na percepção pública e na credibilidade das instituições.
Com todos esses elementos em jogo, a Câmara dos Deputados de Santa Catarina não só questionou o papel do MBL e do PL em sua dinamicidade, mas também trouxe à luz uma reflexão necessária sobre as consequências de ações e omissões mais amplas na política brasileira, sugerindo a necessidade de uma discussão mais ampla sobre os rumos e práticas dos partidos que dominam o cenário político do país. Esta votação certamente continuará a repercutir nas próximas semanas, à medida que as ramificações se desenrolam entre os diversos atores políticos, fazendo com que os eleitores e cidadãos voltem a se envolver nas questões que impactam suas vidas diretamente.
Fontes: Estadão, Folha de São Paulo, G1, UOL
Detalhes
Deputado federal pelo PSOL, Glauber Braga é conhecido por seu ativismo em questões sociais e políticas. Ele tem se destacado por sua postura crítica em relação a diversas políticas do governo e por defender direitos humanos e sociais. Sua atuação na Câmara dos Deputados frequentemente gera debates acalorados, refletindo a polarização política do Brasil contemporâneo.
Kim Kataguiri é um político brasileiro e um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL). Conhecido por suas opiniões firmes e polêmicas, ele se tornou uma figura proeminente na política nacional, especialmente entre os jovens. Kataguiri é frequentemente associado a posturas liberais e conservadoras, defendendo reformas econômicas e políticas que visam a redução do tamanho do Estado.
Zé Trovão é um deputado federal brasileiro conhecido por sua ligação com o movimento bolsonarista e por suas posturas conservadoras. Ele ganhou notoriedade por suas declarações polêmicas e por sua defesa de pautas alinhadas ao governo de Jair Bolsonaro. Trovão frequentemente se posiciona em debates legislativos de forma contundente, refletindo as divisões existentes no cenário político atual.
Carla Zambelli é uma deputada federal brasileira, filiada ao PL, que se destacou por seu apoio ao governo de Jair Bolsonaro. Conhecida por suas posturas conservadoras e por sua presença ativa nas redes sociais, Zambelli frequentemente se envolve em polêmicas e debates acalorados, representando uma ala mais radical do conservadorismo brasileiro. Sua atuação na Câmara dos Deputados é marcada por uma defesa fervorosa de suas convicções políticas.
O Movimento Brasil Livre (MBL) é um movimento político brasileiro fundado em 2014, conhecido por sua atuação em favor do liberalismo econômico e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O MBL se destaca pela mobilização de jovens e pela utilização das redes sociais para engajar a população em questões políticas, além de promover manifestações e debates sobre temas relevantes da política nacional.
O Partido Liberal (PL) é um partido político brasileiro que se posiciona à direita do espectro político. Fundado em 2006, o PL tem buscado se consolidar como uma força significativa no cenário político nacional, especialmente após a eleição de Jair Bolsonaro. O partido defende pautas conservadoras e liberais, e tem se envolvido em diversas alianças políticas ao longo de sua trajetória.
Resumo
No dia 12 de outubro de 2023, a Câmara dos Deputados de Santa Catarina rejeitou a cassação do deputado Glauber Braga, gerando um intenso debate sobre as relações políticas entre os partidos. A votação, que envolveu membros do PL e MBL, foi marcada por disputas acaloradas, com o deputado Kim Kataguiri do MBL afirmando que não havia votos suficientes para a cassação. A frustração entre seus apoiadores foi evidente, especialmente após a ausência de alguns deputados e o voto contrário de outros. O discurso de Zé Trovão também destacou as divisões entre os grupos aliados e opositores do Bolsonarismo. A decisão de não cassar Glauber levantou questões sobre a eficácia das alianças políticas, especialmente em relação a um acordo para proteger a deputada Zambelli. O episódio expôs a dificuldade dos deputados em manter a coesão em seus partidos e sugeriu a necessidade de uma reflexão sobre as práticas políticas no Brasil, com repercussões que continuarão a impactar a cena política nas próximas semanas.
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