Demon Slayer e mudança na classificação indicativa criam polêmica no Brasil

Mudanças na classificação indicativa de Demon Slayer restringem entradas de crianças em cinemas, gerando debate sobre limites para exposição à violência nas animações.

13/09/2025, 15:02

Autor: Felipe Rocha

A recente atualização na classificação indicativa do filme "Demon Slayer: Mugen Train" no Brasil, que agora exige a presença de um responsável para a entrada de crianças, têm gerado uma série de reações diversas entre os pais e amantes de anime. Classificado como 18 anos, o filme apresenta sequências de luta intensas e violência gráfica que, na opinião de alguns críticos, tornam desnecessária tal restrição.

Desde o anúncio da nova classificação, muitos pais se manifestaram sobre o assunto. Uma mãe, que preferiu não ser identificada, afirmou que suas filhas estão frustradas com a proibição, já que elas costumam compreender a diferença entre fantasia e realidade. Ela observou que assistia a séries com alta carga de violência quando era criança, como "Dragon Ball Z" e "Cavaleiros do Zodíaco", sem que isso tivesse qualquer repercussão negativa.

Outro comentarista levantou um ponto interessante ao comparar a nova classificação de "Demon Slayer" com filmes de terror que, apesar da violência, frequentemente recebem classificações mais brandas. A discrepância nas classificações, segundo ele, é parte de uma tendência crescente na imposição de restrições mais rigorosas, com uma preocupação subjacente sobre a influência da violência na mídia. "É exatamente como em 'Premonição', onde o primeiro filme foi classificado como 14 e o mais recente como 18", comentou um usuário, apontando a aparente inconsistência nas escolhas feitas pelos órgãos reguladores.

Além disso, outro pai ressaltou que a animação, apesar de sua violência, não possui uma mensagem que incite à agressão. Para ele, a luta entre personagens e demônios não deveria ser uma barreira para que os jovens assistam ao filme. "A mensagem do filme é mais sobre o crescimento, força de vontade e superação, não sobre promover atos de violência reais", afirmou.

Em contrapartida, muitos críticos discutem se tais produtos de entretenimento devem ser analisados sob uma nova ótica, principalmente em um cenário onde a sociedade cada vez mais debate as implicações da violência na infância. A classificação 18 anos em uma animação pode indicar uma mudança de atitude em relação ao que é considerado apropriado para o público jovem. Embora "Demon Slayer" tenha sido classificado no Japão para maiores de 12 anos, especialistas questionam se o Brasil, com seu status cultural e social distinto, deve adotar medidas mais drásticas.

As redes sociais rapidamente se tornaram um campo de batalha onde as opiniões se dividiram. De um lado, os defensores da classificação rigorosa alegam que as mensagens contidas nas tramas de animações contemporâneas podem influenciar o comportamento infantil. Do outro lado, muitos afirmam que a censura excessiva pode prejudicar a experiência cultural e cinematográfica que o anime pode oferecer às novas gerações.

Em um contexto global, a forma como as animações são percebidas e classificadas é um reflexo de sentimentos mais amplos dentro da sociedade. Com o aumento do consumo de conteúdo digital, as discussões se estendem para as telas além dos cinemas, envolvendo fluxos de informações e entretenimento. A diferença nas classificações entre os países pode gerar confusão e debates sobre o que realmente é considerado aceitável. E essa polêmica certamente não ficará restrita a "Demon Slayer". Aproxima-se um momento em que pais e responsáveis precisarão dialogar com seus filhos sobre a percepção da violência na mídia e o que essa representação significa.

A mudança na classificação de "Demon Slayer" traz à tona questões essenciais sobre como os óculos da censura podem esconder a utilização de roteiros educacionais e infinitamente criativos que as animações oferecem. À medida que o debate avança, a pergunta que paira no ar é: estamos prontos para deixar nossas crianças explorarem esses universos artísticos ou a proteção da infância se torna um travão para a nova era da animação?

Fontes: Folha de São Paulo, Animação Magazine, G1