21/09/2025, 19:26
Autor: Laura Mendes
Nos últimos anos, tem se intensificado um debate sobre a relação das pessoas com as redes sociais. Cada vez mais indivíduos estão optando por se desconectar completamente ou reduzir sua presença nessas plataformas, refletindo uma busca por formas de comunicação mais autênticas e menos superficiais. Este movimento tem gerado discussões sobre a normalidade de não se ter uma conta em redes sociais, especialmente em um mundo onde a maior parte das interações sociais ocorre via plataformas digitais.
Uma pesquisa recente da Pew Research Center demonstra que, em 2023, aproximadamente 25% dos jovens entre 18 e 29 anos estão optando por sair de redes sociais ou desconectar-se em busca de um estilo de vida mais saudável. Esses dados coincidem com relatos de pessoas que, embora tenham experimentado momentos de desconforto sem a presença digital, sentem-se aliviadas e mais focadas em suas relações interpessoais. Como observado por um dos participantes, “as pessoas que eu me importo sabem como entrar em contato comigo”, destacando que as conexões reais estão muito além de um ‘like’ ou uma mensagem instantânea.
A dependência das redes sociais para comunicação é uma realidade para muitos. Comentários expressam a dúvida sobre o que ocorre quando alguém não possui contas em plataformas tradicionais como Facebook e Instagram. Um usuário destacou que “é complicado comunicar-se com amigos que não estão online”, revelando um aspecto prático das interações modernas. Segundo especialistas em comportamento social, esse tipo de dependência pode levar a um aumento da ansiedade e da insegurança, levando as pessoas a buscar validação constante através de curtidas e comentários.
À medida que mais pessoas colhem os benefícios de se desconectar, como redução do estresse e maior presença emocional, cresce também a crítica a esse modo de vida digital. Há quem considere que a pressão social para estar sempre conectado se torna um fardo, uma “lavagem cerebral” que resulta em uma busca incessante por validação, conforme apontado por um comentarista. Este alerta é particularmente relevante em um cenário onde a saúde mental está em pauta, com um aumento significativo dos quadros de depressão e ansiedade entre usuários frequentes de redes sociais.
Além da saúde mental, o impacto da desconexão nas interações sociais é notável. Para muitos, como uma usuária que cancelou seus perfis na adolescência, a falta de redes sociais se traduz em um círculo social mais próximo e mais significativo. Ela observa que, mesmo sem a comunicação digital, é possível manter relações profundas e duradouras, destacando amigos e familiares como pilares em sua vida. Estas experiências mostram que a autenticidade nas relações pode superar a superficialidade das interações virtuais.
Contudo, o caminho nem sempre é fácil. Há uma resistência em algumas esferas sociais, onde não ter uma presença online é muitas vezes visto como algo “estranho” ou até mesmo “incomum”, revelando um estigma que ainda persiste. A pressão para estar integrado às redes é especialmente aparente em situações sociais, como festas e encontros, onde a participação online é frequentemente mencionada como um pré-requisito para o envolvimento. A dificuldade de convidar pessoas que não estão nas redes é um desafio reconhecido por muitos, o que torna ainda mais evidente o papel das plataformas digitais na dinâmica social atual.
Diante dessa crescente dualidade entre a abstenção e a participação ativa em redes sociais, a reflexão sobre o papel da tecnologia em nossas vidas continua a se intensificar. O que antes era considerado “normal” está mudando, e muitos estão começando a reconhecer que a verdadeira conexão não é estabelecida por meio de curtidas, mas pelas experiências compartilhadas. A escolha de viver sem redes sociais, portanto, não é apenas uma decisão pessoal, mas uma forma de reivindicar um espaço de autenticidade em um mundo cada vez mais virtual.
Ademais, é importante que os debates sobre a saúde mental e a digitalização nas relações humanas avancem, especialmente em uma sociedade que, embora valorize a inovação e a tecnologia, poderá se beneficiar de um retorno a interações mais humanizadas. Afinal, as relações verdadeiras, construídas fora do alcance dos algoritmos, podem proporcionar a realização que muitos buscam, mesmo em um mundo repleto de telas e perfis.
Fontes: Folha de São Paulo, Pesquisa sobre uso de redes sociais, Relatório da Pew Research Center sobre comunicação
Resumo
Nos últimos anos, o debate sobre a relação das pessoas com as redes sociais tem se intensificado, com muitos optando por se desconectar em busca de uma comunicação mais autêntica. Uma pesquisa do Pew Research Center de 2023 revela que cerca de 25% dos jovens de 18 a 29 anos estão se afastando das redes sociais, buscando um estilo de vida mais saudável. Embora a ausência digital cause desconforto inicial, muitos relatam alívio e maior foco nas relações interpessoais. Especialistas alertam que a dependência das redes pode aumentar a ansiedade e a insegurança, levando à busca constante por validação. A desconexão tem mostrado benefícios, como a redução do estresse e a construção de laços mais significativos. No entanto, ainda existe um estigma em torno de não estar presente online, e a pressão social para participar das redes é forte, especialmente em ambientes sociais. Essa dualidade entre abstenção e participação ativa nas redes sociais destaca a necessidade de refletir sobre o papel da tecnologia em nossas vidas e a importância de priorizar conexões genuínas.
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