Cresce a discussão sobre a reutilização de espaços em cemitérios urbanos

A preocupação com o espaço utilizado para sepultamentos gera debates sobre práticas funerárias, com a cremação em alta e práticas de reutilização em cemitérios em cidades ao redor do mundo.

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14/09/2025, 21:12

Autor: Laura Mendes

Uma visão panorâmica de um cemitério urbano com lápides antigas e modernas, misturadas a uma vegetação exuberante, cercado por prédios altos e construções contemporâneas, simbolizando a fusão entre o passado e o presente. Ao fundo, uma placa informativa com o texto "Cultura da Terra: Reutilização e Respeito aos Mortos".

A questão do uso do espaço em cemitérios, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas, tem ganhado maior atenção nas últimas décadas. O fenômeno da urbanização acelerada nas grandes cidades, somado ao aumento da população, desperta reflexões sobre práticas funerárias e a destinação dos restos mortais. Reservoirs, como o Cemitério de Glasnevin em Dublin, onde mais de 1,5 milhão de pessoas estão sepultadas, destacam a necessidade urgente de pensar em soluções que respeitem tanto o passado quanto as demandas atuais.

Historicamente, muitas culturas optavam por sepultar seus mortos em igrejas ou campos sagrados. No entanto, a escassez de espaço em áreas urbanas, assim como o aumento da cremação, que já corresponde a cerca de 60% dos enterros em alguns países, provocou mudanças nas práticas funerárias. O enterro tradicional face à crescente escolha pela cremação levanta questões sobre o que acontece com os corpos não sepultados e o espaço compartilhado dos cemitérios. Não raro, se descobrir que as cidades modernas foram erigidas sobre antigos cemitérios. Londres, Paris e Roma são exemplos notáveis de cidades que incorporaram, ao longo da história, os mortos em suas fundações, com frequentemente com corpos sendo movidos para facilitar a construção.

Um ponto frequentemente esquecido na discussão é a reutilização de jazigos. Em muitos locais, especialmente na Europa, os jazigos são alugados em contratos que permitem que os corpos sejam desenterrados e os locais reutilizados após um período determinado, que pode variar de 20 a 100 anos. Em algumas áreas, isso é tido como uma prática padrão, com jazigos sendo compartilhados por famílias inteiras e ocupados em camadas verticais. Essa prática não apenas maximiza o uso do espaço, mas também reflete uma abordagem cultural que considera o corpo não como uma entidade permanente, mas como parte de um ciclo natural de decomposição e integração com a terra.

Os diferentes métodos de disposições funerárias ao redor do mundo também indicam que muitos não optam pelo enterro. Há diversas formas de ser despedido: cremação, enterros no mar, ou até outras formas, como sepultamentos na terra, em métodos não convencionais. Além disso, práticas emergentes como doações de corpos para pesquisa médica também demonstram uma mudança nas percepções sobre o que significa lidar com a morte.

Um aspecto relevante neste debate é o crescimento da população humana, que tem ultrapassado os limites do histórico. Muitos especialistas estimam que hoje existem mais pessoas vivas do que já existiram ao longo da história da humanidade, o que ressalta a necessidade de soluções inovadoras que respeitem as memórias e as tradições de cada cultura. O aumento populacional acentua a importância de manter a relevância e a história dos cemitérios urbanas - espaços onde os mortos têm seus direitos de memória preservados.

Enquanto isso, práticas sustentáveis e inovadoras, como a compostagem humana e jardins de dispersão, são exploradas como alternativas viáveis que preservam os espaços urbanos e respeitam as tradições culturais. Associações civis e grupos comunitários têm se dedicado a aumentar a conscientização sobre essas novas práticas de disposição de corpos e sobre o espaço que os cemitérios ocupam nas cidades atuais.

A transformação da paisagem urbana tem um impacto direto sobre a forma como os cidadãos se relacionam com a morte e os mortos. O desinteresse por sepultamentos tradicionais e a escolha por alternativas mais sustentáveis e significativas surge como um reflexo das mudanças culturais contemporâneas. Neste contexto, as discussões sobre como os cemitérios são tratados e o que significa para uma sociedade lidar com a memória dos mortos continuam a evoluir, destacando a complexidade da interação entre urbanização, cultura e história. É um convite para refletir não apenas sobre os rituais do passado, mas também sobre como moldaremos nosso futuro em relação ao espaço, à morte e à memória coletiva.

Fontes: National Geographic, The Atlantic, BBC News, Folha de São Paulo, The New York Times.

Resumo

A crescente urbanização e o aumento populacional têm gerado preocupações sobre o uso do espaço em cemitérios, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. Com mais de 1,5 milhão de sepultados, o Cemitério de Glasnevin em Dublin exemplifica a necessidade de soluções que respeitem tanto o passado quanto as demandas atuais. A transição do enterro tradicional para a cremação, que já representa cerca de 60% dos funerais em alguns países, levanta questões sobre a destinação dos corpos e o espaço nos cemitérios. Muitas cidades, como Londres e Roma, foram construídas sobre antigos cemitérios, levando à necessidade de reutilização de jazigos. Essa prática, comum na Europa, permite que os jazigos sejam alugados e reutilizados após um período, refletindo uma abordagem cultural que vê o corpo como parte de um ciclo natural. Além disso, novas práticas funerárias, como compostagem humana, estão sendo exploradas como alternativas sustentáveis. O crescimento populacional e a transformação da paisagem urbana impactam a relação das pessoas com a morte, destacando a complexidade entre urbanização, cultura e memória.

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