22/12/2025, 12:18
Autor: Ricardo Vasconcelos

No dia 19 de dezembro de 2025, surgem novos dados que indicam uma redução significativa das holdings de títulos do Tesouro dos Estados Unidos por parte da China, atingindo o nível mais baixo desde 2008. De acordo com informações da empresa de dados financeiros chinesa Wind, a China reduziu suas participações em mais de 47% desde o pico de aproximadamente US$ 1,32 trilhões, registrado em novembro de 2013. Atualmente, o país ocupa a terceira posição entre os detentores estrangeiros de títulos, atrás do Japão e do Reino Unido.
Esse movimento se dá em um contexto de crescente desconfiança sobre a sustentabilidade da dívida federal dos EUA e pode ser visto como parte de uma estratégia mais ampla da China de diversificar suas reservas financeiras. Nos últimos anos, a China tem procurado substituir parte de suas aquisições de títulos por investimentos mais seguros, como o aumento de suas reservas de ouro. Conforme relatado, em novembro de 2025, Pequim manteve sua tendência de compra de ouro pelo 13º mês consecutivo, somando 30.000 onças ao seu estoque total, avaliado em aproximadamente US$ 310,6 bilhões.
Diversos analistas apontam que essa redução nas holdings de títulos do Tesouro pode não ser tão alarmante quanto parece à primeira vista. Um comentário destaca que a China já havia atingido o pico em 2013 e que a tendência de diversificação se intensificou ao longo da última década. Além disso, alguns especialistas argumentam que se essa fosse uma indicação de uma crise iminente, os índices de mercado financeiro estariam refletindo uma queda acentuada. Contrariamente, os rendimentos e a taxa de câmbio do dólar permanecem relativamente estáveis, indicando um simples reequilíbrio de portfólio por parte da China em vez de um dumping massivo de títulos.
Há também preocupações sobre as implicações deste movimento para a política fiscal e monetária americana. Alguns comentaristas ressaltam que, se os principais detentores de dívida, como China e Japão, decidirem liquidar suas posições, a capacidade dos EUA de financiar os gastos deficitários pode ser seriamente comprometida. Isso levantaria a questão sobre quem assumiria essa carga, dada a magnitude do déficit fiscal, que muitos consideram insustentável. As vozes críticas pedem uma maior transparência sobre a situação fiscal, sugerindo que o governo americano reconheça a realidade de sua dívida incontrolável.
Importante destacar que a maneira como as participações da China estão medidas tem sido apontada como uma questão de debate. Existem preocupações se os dados considerados estão refletindo apenas as holdings do Partido Comunista Chinês através do Banco Popular da China (PBoC), ou se incluem também as participações de bancos estatais que atuam como intermediários, uma prática comum na estrutura financeira da China. Essa falta de clareza aumenta a desconfiança sobre os dados divulgados e o real controle das participações.
O que fica evidente é que o panorama econômico global continua a mudar. A relação entre a China e os EUA tem sido complexa, marcada por tensões comerciais e políticas, e esses novos dados sobre os títulos do Tesouro vêm à tona em um momento em que a comunidade internacional observa atentamente as ações de ambos os países. A diminuição das holdings de títulos por parte da China, embora não alarmante a princípio, pode ser um indício das mudanças que estão por vir no cenário econômico global e nas colaborações financeiras entre as nações.
Nesse sentido, a interação do mercado global exige uma adaptação constante e um entendimento mais aguçado das repercussões de cada movimento. As economias dependem, mais do que nunca, de um diálogo aberto e construtivo que leve em conta não apenas os interesses de curto prazo, mas também a sustentabilidade a longo prazo das políticas fiscais e monetárias.
Fontes: Economista, Bloomberg, Financial Times, CNBC
Resumo
Em 19 de dezembro de 2025, novos dados revelaram que a China reduziu suas holdings de títulos do Tesouro dos EUA para o nível mais baixo desde 2008, com uma queda de mais de 47% desde o pico de US$ 1,32 trilhões em novembro de 2013. Atualmente, a China ocupa a terceira posição entre os detentores estrangeiros de títulos, atrás do Japão e do Reino Unido. Essa redução é vista como parte da estratégia da China de diversificar suas reservas financeiras, substituindo títulos por investimentos mais seguros, como ouro. Apesar das preocupações sobre as implicações para a política fiscal americana, analistas sugerem que essa movimentação não indica uma crise iminente, já que os índices de mercado permanecem estáveis. A falta de clareza sobre como as participações da China são medidas levanta questões sobre a transparência dos dados. O cenário econômico global está em constante mudança, e a relação entre China e EUA continua a ser observada de perto, com a diminuição das holdings podendo sinalizar transformações futuras nas colaborações financeiras.
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