China critica sanções dos EUA e evita compromissos com a Venezuela

China condena sanções unilaterais dos EUA à Venezuela, mas mantém retórica vazia, evitando compromissos de assistência ao país.

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19/12/2025, 12:47

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma cena dramática de um petroleiro flutuando em águas turbulentas, simbolizando a tensão geopolítica entre a China e os EUA, além da situação na Venezuela. Ao fundo, uma silhueta de navios de guerra simbolizando a presença militar dos EUA, enquanto a bandeira da China flutua em um canto, representando suas ambições estratégicas na região.

A recente tensão em torno da Venezuela se intensificou com a resposta da China às sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos. Através de uma declaração, Pequim criticou o que chamou de "bullying" americano em relação ao bloqueio de petróleo venezuelano, exarcebrando a polarização geopolítica em um momento já delicado para a América Latina. Contudo, apesar da retórica forte, a China não apresentou qualquer compromisso concreto de ajuda ao governo de Nicolás Maduro, cujos laços com Pequim e Moscou têm sido fundamentais para sua sobrevivência política em um ambiente internacional hostil.

A relação entre a China e a Venezuela tem sido marcada pela troca contínua de petróleo por investimentos e apoio político. O petróleo venezuelano representa cerca de 4% das importações de petróleo bruto da China, tornando o estado sul-americano um parceiro estratégico importante para Pequim. Entretanto, ao criticar as sanções dos EUA, a China tem adotado uma postura calculada, evitando qualquer comprometimento que possa prejudicar suas relações com Washington. O apoio constante ao governo de Maduro é, em última análise, uma manobra que equilibra os interesses geopolíticos de Pequim, que mira em vantagens estratégicas em várias frentes, incluindo sua posição no Mar do Sul da China e suas ambições na região do Indo-Pacífico.

No contexto da recente escalada de bloqueios de petroleiros sancionados pelos EUA, que visam desestabilizar as operações de narcotráfico e terrorismo associadas ao comércio de petróleo da Venezuela, a resposta de Pequim e Moscou tem sido de condenação, mas sem ações tangíveis. A Rússia, um aliado próximo de Maduro, também alertou sobre as "consequências imprevisíveis" das ações americanas, mas essa retórica não se traduziu em auxílio militar ou econômico substancial à Venezuela. O presidente Maduro tem buscado enfatizar a necessidade de apoio internacional, mas tanto a China quanto a Rússia parecem estar mais interessados em manter relações públicas do que em oferecer ajuda real.

Um ponto importante a ser considerado é a abordagem paralela da China em relação à guerra na Ucrânia. Embora Pequim se apresente como uma nação que se opõe a bloqueios e sanções, sua real intenção parece ser facilitar a resistência russa de maneira a evitar confrontos diretos com os EUA, uma estratégia que ao mesmo tempo a beneficia na arena geopolítica. Isso leva à conclusão de que a retórica de oposição da China às sanções é, na verdade, uma performance diplomática; a aparência de apoiar a Venezuela pode ser um meio de garantir que a China manteve uma fachada de neutralidade enquanto colhe os frutos de uma grande desestabilização na ordem global.

Um comentarista destacou que o que está em risco é não apenas a economia venezuelana, mas a própria influência dos EUA na região. Os movimentos dos Estados Unidos no contexto da Venezuela são afetados pela necessidade de um "casus belli" plausível para justificar qualquer ação militar. Até o momento, existem três principais justificados: o narcoterrorismo, a nacionalização de ativos petrolíferos e movimentos de petroleiros com bandeiras falsas. No entanto, observa-se que esses fatores não têm sido suficientemente convincentes para iniciar uma ação direta, o que permite que Maduro permaneça no poder, mesmo em um cenário de crescente isolamento internacional.

As consequências a longo prazo para essa dinâmica são complexas, mas há consenso entre analistas que uma potencial guerra envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela somente beneficiaria a China. Tal conflito desviaria a atenção e recursos americanos, permitindo a Pequim avançar em suas aspirações assertivas na região da Indochina-Pacífico e além. Enquanto isso, Maduro continuará a depender da retórica de solidariedade de potências como a China, que, embora crítica em suas declarações, opera sempre sob a lógica do interesse estratégico.

Portanto, o que o mundo testemunha atualmente na Venezuela não é apenas uma crise humanitária ou política, mas uma intricada dança entre potências globais, onde cada movimento é calculado e orientado por interesses que transcendem as fronteiras nacionais e ideológicas. A China, ao condenar os atos dos EUA e não oferecer apoio concreto, parece estar jogando um jogo de xadrez onde cada jogada é medida para maximizar vantagens e minimizar riscos, ao mesmo tempo em que se posiciona como uma potência respeitável no cenário internacional.

Fontes: Al Jazeera, BBC, The Guardian

Detalhes

Nicolás Maduro

Nicolás Maduro é o presidente da Venezuela, cargo que ocupa desde 2013, sucedendo Hugo Chávez. Sua administração tem sido marcada por crises econômicas, políticas e sociais, além de acusações de autoritarismo. Maduro é um aliado próximo de países como China e Rússia, buscando apoio internacional para enfrentar sanções e isolamento.

China

A República Popular da China é o país mais populoso do mundo e uma das maiores economias globais. Desde a reforma econômica na década de 1980, a China se tornou um ator central no comércio internacional e nas relações geopolíticas, com uma política externa que busca expandir sua influência em várias regiões, incluindo a América Latina.

Rússia

A Federação Russa é o maior país do mundo em área territorial e uma potência nuclear. Sob a liderança de Vladimir Putin, a Rússia tem buscado reafirmar sua influência global, frequentemente se posicionando contra as políticas dos Estados Unidos e apoiando regimes aliados, como o de Nicolás Maduro na Venezuela.

Estados Unidos

Os Estados Unidos da América são uma república federal composta por 50 estados e uma das maiores economias do mundo. Historicamente, os EUA têm exercido grande influência política e econômica global, muitas vezes intervindo em assuntos de outros países sob a justificativa de promover a democracia e combater o terrorismo.

Resumo

A tensão em torno da Venezuela aumentou com a resposta da China às sanções dos Estados Unidos, que Pequim chamou de "bullying". Apesar da retórica forte, a China não se comprometeu a ajudar o governo de Nicolás Maduro, que depende de seus laços com Pequim e Moscou para sobreviver em um ambiente hostil. A relação entre China e Venezuela é marcada pela troca de petróleo por investimentos, com o petróleo venezuelano representando cerca de 4% das importações de petróleo bruto da China. No entanto, a China tem adotado uma postura calculada, evitando compromissos que possam prejudicar suas relações com Washington. A Rússia, aliada de Maduro, também condenou as sanções, mas sem oferecer ajuda concreta. Maduro busca apoio internacional, mas tanto a China quanto a Rússia parecem mais interessadas em manter relações públicas. A abordagem da China em relação à guerra na Ucrânia reflete uma estratégia de evitar confrontos diretos com os EUA, enquanto beneficia suas ambições geopolíticas. Analistas acreditam que um conflito entre os EUA e a Venezuela poderia favorecer a China, permitindo-lhe avançar em suas aspirações na região.

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