12/12/2025, 11:11
Autor: Ricardo Vasconcelos

A recente decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) em cassar o mandato de Carla Zambelli, deputada federal pelo PL, agora experimenta uma nova fase ao ser analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A medida provoca uma série de desdobramentos que não apenas impactam a carreira política de Zambelli, mas também ameaçam a sobrevivência de outros parlamentares da mesma legenda que se beneficiaram de seus votos durante as eleições de 2022. Este cenário se torna ainda mais pertinente, tendo em vista que o TSE poderá anular os votos conquistados pela deputada, o que pode resultar numa nova totalização que redefine a composição da Câmara dos Deputados.
De acordo com informações veiculadas pelo TRE-SP, os votos obtidos por Zambelli, que alcançaram um total expressivo de 946.244, serão invalidados. Esta decisão não apenas afeta a deputada, mas impacta diretamente aqueles que conquistaram suas cadeiras como consequência do quociente eleitoral, que é o mecanismo utilizado para calcular as vagas que cada partido possui na Casa Legislativa. No caso do PL, os deputados Eduardo Bolsonaro, com 741.701 votos e que estava alinhado a Zambelli, e outros políticos da legenda se encontram em uma posição vulnerável, pois a nova contagem de votos pode mudar a definição do número de cadeiras que o partido detinha.
Segundo a especialista em direito eleitoral Marilda Silveira, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), a situação é complexa, uma vez que “todos os votos dela são anulados e é recalculado o resultado”. Silveira sublinha ainda que a nova totalização pode significar a perda de mandatos para outros deputados que se elegeram através do quociente partidário gerado pelos votos de Zambelli.
Dentre os deputados que estão na linha de tiro desta nova contagem de votos, o delegado Paulo Bilynskyj e o famoso humorista Tiririca se destacam. Ambos, que obtiveram o menor número de votos dentro da bancada paulista do PL, com 72.156 e 71.754 votos respectivamente, estão sob o risco real de perderem seus mandatos parlamentares. O que ocorre nessa nova fase de retotalização traz um ar de incerteza ao quadro político do estado e pode alterar os planos de reeleição de vários políticos da legenda, especialmente com uma nova eleição se aproximando.
Muitos órgãos de imprensa e comentaristas políticos têm acreditado que o tempo é um fator crucial nessa discussão. “Estamos a um ano de uma nova eleição, e essa movimentação política pode incentivar narrativas de vitimização, como uma perseguição ao PL”, pondera um observador anônimo. Essa percepção de um possível ataque direcionado à legenda pode influenciar a opinião pública e moldar o discurso da campanha eleitoral que se aproxima, por isso, a maneira como os líderes do partido se posicionarem sobre essa questão tomará grande importância.
Por outro lado, a dinâmica é ainda mais tensa. Em um campo onde todo voto é precioso, a anulação libera um espaço discussivo sobre ética e legalidade, mas também suscita questões sobre o papel do TSE na moralidade das eleições. Comentários na esfera política são de que a perda de mandatos poderia ser um reflexo de uma disputa mais ampla sobre a democracia no Brasil e o impacto que isso teria na percepção pública de instituições voltadas à justiça eleitoral, como o TSE.
Enquanto a decisão final ainda não foi tomada, o que se observa no cenário político é um clima de apreensão, tanto para os membros do PL quanto para os adversários, que já aguardam para ver como o panorama eleitoral se modificarão nas próximas semanas. Para além da legalidade, as implicações emocionais e políticas dessa ação judicial podem ser sentidas nas ruas, em conversas informais e, possivelmente, nas urnas em um futuro próximo. O eleitorado, ao que tudo indica, pode acabar se dividindo entre aqueles que veem a decisão como uma vitória da justiça e aqueles que proliferam discursos de que essa cassação é uma manobra contra o partido e os que representam a vontade do povo.
Este imbróglio mostra como a política no Brasil está intimamente ligada aos desdobramentos jurídicos, e como o papel das instituições pode ser muitas vezes visto sob a lente da desconfiança pública e da busca por justiça eleitoral e representação popular. Em tempos de polarização, o TSE, o PL e a questão da cassação de Zambelli colocam em evidência a fragilidade e a complexidade do sistema democrático brasileiro.
Fontes: Folha de São Paulo, Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa
Detalhes
Carla Zambelli é uma deputada federal brasileira, membro do Partido Liberal (PL). Ela ganhou notoriedade por suas posições políticas conservadoras e sua atuação nas redes sociais. Zambelli foi eleita em 2018 e reeleita em 2022, mas sua carreira política tem sido marcada por controvérsias e debates acalorados sobre suas declarações e ações.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é a máxima instância da Justiça Eleitoral no Brasil, responsável por organizar e supervisionar as eleições no país. O TSE também é encarregado de garantir a lisura do processo eleitoral, analisar recursos e decisões de tribunais regionais, além de promover a educação eleitoral.
O Partido Liberal (PL) é uma legenda política brasileira de orientação conservadora. Fundado em 2006, o PL tem se destacado no cenário político nacional, especialmente após as eleições de 2018, quando conquistou um número significativo de cadeiras na Câmara dos Deputados. O partido tem se alinhado a pautas liberais na economia e conservadoras nos costumes.
Eduardo Bolsonaro é um político brasileiro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é deputado federal pelo Partido Liberal (PL) e tem se destacado por suas posições conservadoras e sua forte presença nas redes sociais. Eduardo é conhecido por seu envolvimento em questões de segurança pública e defesa de políticas de direita.
Tiririca, nome artístico de Francisco Everardo Oliveira Silva, é um humorista e político brasileiro. Ele ganhou fama como comediante e cantor, e foi eleito deputado federal em 2010, sendo um dos mais votados do país. Tiririca é conhecido por seu estilo irreverente e suas críticas ao sistema político, além de ter sido reeleito em 2014 e 2018.
Resumo
A decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) de cassar o mandato da deputada federal Carla Zambelli, do PL, está sendo analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa medida pode afetar não apenas Zambelli, que obteve 946.244 votos, mas também outros parlamentares do PL que se beneficiaram de seus votos nas eleições de 2022. A anulação dos votos de Zambelli pode levar a uma nova totalização que redefine a composição da Câmara dos Deputados, colocando em risco mandatos de deputados como Eduardo Bolsonaro, Paulo Bilynskyj e Tiririca. Especialistas em direito eleitoral alertam que a nova contagem pode resultar na perda de cadeiras para esses políticos, gerando incertezas sobre suas reeleições. A situação é vista como uma oportunidade para narrativas de vitimização do PL, especialmente com uma nova eleição se aproximando. A discussão sobre a ética e a legalidade do TSE também ganha destaque, refletindo a fragilidade do sistema democrático brasileiro em tempos de polarização.
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