Carney critica políticas climáticas de Trudeau em meio a desafios ambientais

O ex-governador do Banco do Canadá, Mark Carney, critica as políticas climáticas do governo Trudeau, destacando a necessidade de um equilíbrio entre regulamentação e eficácia.

22/12/2025, 13:07

Autor: Ricardo Vasconcelos

Em meio a uma crescente preocupação com a sustentabilidade e as mudanças climáticas, Mark Carney, ex-governador do Banco do Canadá e atual representante da ONU para questões climáticas, fez declarações contundentes que desafiam as diretrizes do governo Trudeau. Carney argumentou que a regulamentação excessiva está inibindo ações eficazes contra as mudanças climáticas, enfatizando a necessidade de uma abordagem mais pragmática e menos idealista no tratamento das crises ambientais. Suas observações vêm em um contexto onde o Canadá se vê pressionado a equilibrar interesses econômicos e a urgência de uma intervenções ambientais significativas.

Carney destacou, em particular, a situação em relação à captura e armazenamento de carbono, uma das principais estratégias promovidas pelo governo de Trudeau. Embora reconheça a complexidade do tema, Carney expressou ceticismo quanto à viabilidade da captura de carbono como uma solução eficaz contra as emissões de CO2 atmosférico. Ele argumentou que tentar retirar carbono da atmosfera através de métodos industriais é ineficiente e consome mais energia do que os benefícios que proporciona. Em vez disso, Carney sugere que a solução deve se concentrar na redução das emissões na fonte, promovendo a transição para fontes de energia renováveis.

Comentários de especialistas apontam que o enfoque exagerado na tecnologia de captura de carbono pode levar a gastos desnecessários com soluções que não aportam resultados tangíveis. A ideia de que a captura de carbono poderia rapidamente se tornar uma solução viável para as emissões é considerada por muitos como um atraso nas necessárias mudanças estruturais que o sistema energético atual requer. Alguns, como um comentarista referindo-se ao processo, afirmam que “é como tentar perder peso comendo mais”, uma crítica direta à ideia de que se pode compensar más práticas com soluções tecnológicas que custam mais do que produzem.

Durante uma recente análise das propostas energéticas canadenses, Carney também mencionou o impacto das políticas de regulamentação de combustíveis fósseis sobre a indústria do gás natural. Ele discutiu a necessidade de permitir que o país mantenha sua linha de produção energética, ao mesmo tempo em que se dirige a uma economia de baixo carbono. Tal posição revela a complexidade da discussão; Carney é visto como um pragmático, que busca um caminho equilibrado entre a proteção ambiental e a realidade econômica do setor energético canadense.

Ele também tocou em questões sobre a implementação das metas de vendas de veículos elétricos estipuladas pelo governo Trudeau, que exige que 20% das vendas de novos veículos sejam elétricos até 2026. Críticas foram levantadas sobre o quão sustentável e realista essa meta se mostra, considerando a disponibilidade limitada de veículos elétricos e as barreiras financeiras que muitos cidadãos enfrentam ao tentar adquirir esses veículos.

Sob a perspectiva das empresas, um dos comentaristas alertou que enquanto o Canadá se esforça para implementar suas diretrizes climáticas, outros países com regras menos rigorosas continuam a explorar e produzir combustíveis fósseis, o que pode levar a uma desvantagem competitiva. Tal fenômeno pode prejudicar a posição do Canadá no mercado global, levantando inquietações sobre como a transição energética será gerida de forma responsável, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

A fusão entre os interesses da classe trabalhadora e a pressão por uma energia cada vez mais limpa é um dos temas que emergem dessa discussão contemporânea. Carney e outros defendem que deve haver um foco maior em tornar a energia renovável acessível para todos. Apenas regulamentar não é suficiente; é essencial que governos e empresas façam esforços conjuntos para viabilizar soluções eficazes, como incentivos para a adoção de energia solar nas residências e subsídios para veículos elétricos.

Com um apelo por maior eficiência e eficácia nas políticas climáticas, Carney se posiciona como um critico de um tradicionalismo que ele acredita não mais se sustenta no atual panorama ambiental. À medida que o debate em torno das políticas climáticas do Canadá se intensifica, o papel de líderes como Carney se torna ainda mais relevante. A questão central parece ser uma redefinição do que realmente significa agir em defesa do clima, e qual é o custo real que pagamos por isso, tanto em termos ambientais quanto econômicos.

Com o relógio contando e as consequências das mudanças climáticas sendo cada vez mais visíveis, o desafio permanece em encontrar um caminho que não apenas impulsione a inovação tecnológica, mas que também respeite as necessidades sociais e econômicas do povo canadense, promovendo um futuro sustentável.

Fontes: CBC News, The Guardian, National Post