12/12/2025, 10:55
Autor: Ricardo Vasconcelos

O cenário econômico do Canadá está passando por uma transformação significativa, com o país registrando um superávit comercial pela primeira vez desde o início da guerra comercial com os Estados Unidos. De acordo com os dados da Statistics Canada, as exportações canadenses aumentaram 4,6% em setembro, impulsionadas pelo crescimento nas exportações de veículos, aeronaves e minerais, enquanto as importações dos EUA caíram 1,7% no mesmo período, marcando a terceira queda mensal consecutiva. Essa mudança não apenas reflete uma evolução nas dinâmicas comerciais entre os dois países, mas também o crescente descontentamento dos canadenses em relação à dependência econômica dos produtos americanos.
As pesquisas recentes revelam uma mudança nas atitudes dos consumidores canadenses. Uma pesquisa da Ipsos mostrou que 72% dos canadenses estão ativamente evitando produtos feitos nos Estados Unidos, seguindo um sentimento mais amplo de desconfiança em relação ao comércio com o país vizinho. Essa percepção foi acentuada por eventos políticos e decisões impulsivas que têm alimentado essa rixa crescente. Muitas pessoas, como expressaram em suas opiniões, relatam que veem produtos americanos apodrecendo nas prateleiras dos supermercados, mesmo quando há alternativas disponíveis. Essa aversão também leva os canadenses a explorarem mais ativamente produtos locais e de outras nações.
Em meio a essa reconfiguração comercial, muitos canadenses se mostram céticos em relação ao envolvimento contínuo com os EUA. Existem ressentimentos acumulados, com um número crescente de consumidores optando por “votar com seu dinheiro”, como comentado por alguns cidadãos, que estão dispostos a evitar produtos dos EUA sempre que possível. Essa escolha não se limita apenas à preferência por produtos locais, mas se estende a uma visão de futuro onde o Canadá busca diversificar sua rede de parceiros comerciais, desenvolvendo relações cada vez mais robustas com países além do seu vizinho do sul.
Além disso, a realidade econômica do Canadá é apoiada por sua abundância de recursos naturais. O país é rico em petróleo, minérios e frutos da terra, tornando-o um forte candidato a ser um exportador líquido significativo. Entretanto, a estrutura de governança provincial pode ser vista como um obstáculo à maximização desse potencial, já que as províncias atuam de forma relativamente independente, às vezes dificultando a implementação de estratégias comerciais unificadas.
As declarações recentes sobre a possibilidade de anexação de parte do território canadense pelos Estados Unidos revelam a delicada saúde das relações entre os dois países. Comentários que ressaltam a desconfiança entre os canadenses em relação ao governo dos EUA e seu presidente, Donald Trump, destacam a complexidade das relações internacionais e as profundas divisões que surgem quando a política afeta a economia. O desperdício de produtos americanos nas prateleiras, agora um símbolo do distanciamento crescente, tornou-se um retrato da nova era de desconfiança comercial e política.
As vozes que expressam descontentamento não são meras queixas, mas sim reflexões sobre o futuro. Para muitos, a percepção de que a propaganda negativa sobre o Canadá tem falhado em desgastar a imagem do país está se concretizando. Ao mesmo tempo, o apelo por uma nova identidade comercial se intensifica, com os canadenses buscando parceiros que se alinhem com seus valores e que acolham um modelo de comércio mais equilibrado e ético.
Do ponto de vista econômico, o que antes parecia um obstáculo, com tarifas e políticas comerciais restritivas, agora está sendo visto como uma oportunidade para que o Canadá reforce sua posição no mercado global, aproveitando sua riqueza de recursos e sua capacidade de entregar produtos de alta qualidade a um preço competitivo. As declarações de objetivos de comércio mais justos e colaborativos, sem a expectativa de depender do mercado americano, estão encontrando eco em um público desejoso de mudança.
Assim, o Canadá está em uma trajetória de reformulação de suas relações comerciais e de autoconfiança em suas capacidades econômicas. Com um superávit comercial no horizonte e consumidores mostrando um crescente patriotismo econômico, o país parece pronto para navegar por uma nova era de rivalidades e oportunidades, onde a independência econômica se torna um objetivo tangível.
Fontes: Statistics Canada, Global News, Ipsos
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político americano, conhecido por ter sido o 45º presidente dos Estados Unidos, ocupando o cargo de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Antes de sua presidência, Trump ganhou notoriedade como magnata do setor imobiliário e personalidade da televisão. Sua administração foi marcada por políticas controversas, incluindo a imposição de tarifas comerciais e uma retórica agressiva em relação a várias nações, o que impactou as relações comerciais dos EUA com países como o Canadá.
Resumo
O Canadá está passando por uma transformação econômica significativa, registrando um superávit comercial pela primeira vez desde o início da guerra comercial com os EUA. As exportações aumentaram 4,6% em setembro, impulsionadas por veículos, aeronaves e minerais, enquanto as importações dos EUA caíram 1,7%. Essa mudança reflete o crescente descontentamento dos canadenses com a dependência econômica dos produtos americanos, com 72% deles evitando produtos dos EUA. A aversão a produtos americanos tem levado os canadenses a buscar alternativas locais e diversificar suas relações comerciais. Além disso, a riqueza em recursos naturais do Canadá o posiciona como um potencial exportador líquido significativo. Contudo, a estrutura de governança provincial pode dificultar a implementação de estratégias comerciais unificadas. As tensões nas relações com os EUA, exacerbadas por declarações políticas, destacam a desconfiança entre os canadenses. O Canadá busca uma nova identidade comercial, com consumidores desejando um comércio mais equilibrado e ético, aproveitando suas capacidades econômicas e recursos abundantes.
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