Brigitte Bardot morre aos 91 anos e renova debates sobre seu legado

A morte da icônica atriz Brigitte Bardot aos 91 anos provoca reflexões complexas sobre seu legado, evidenciando sua trajetória controversa na sociedade francesa.

28/12/2025, 17:16

Autor: Laura Mendes

A morte da icônica atriz Brigitte Bardot, aos 91 anos, neste 23 de outubro de 2023, reacende discussões sobre seu legado controverso. Conhecida por sua beleza estonteante e por sua carreira brilhante no cinema francês nas décadas de 1950 e 1960, Bardot também foi alvo de críticas severas e processos legais devido a suas declarações polêmicas sobre questões raciais e de gênero. Apesar de seu status como símbolo cultural, a atriz foi multada várias vezes por incitação ao ódio racial, levando muitos a reavaliarem seu impacto não apenas na sétima arte, mas também na sociedade.

Bardot se destacou não só como uma das maiores estrelas de cinema do mundo, mas também como defensora dos direitos dos animais. No entanto, sua trajetória não se limitou à atuação em frente às câmeras. Nos últimos anos, ela se tornou uma figura polêmica, defendendo opiniões radicalmente conservadoras e fazendo declarações que foram amplamente condenadas por militantes de direitos humanos e ativistas sociais. A discórdia em torno de seu legado é tão notável quanto sua influência na cultura popular.

Os comentários sobre sua morte revelam um profundo abismo entre seus admiradores e críticos. Algumas pessoas expressaram pesar pela perda de uma lenda do cinema, enquanto outras não hesitaram em criticar a forma como ela utilizou sua fama para promover visões extremistas sobre raça e imigração. Bardot foi condenada várias vezes por ataques a comunidades minoritárias, incluindo imigrantes e pessoas LGBTQIA+, culminando em multas e controvérsias que ofuscaram seus feitos artísticos. De acordo com relatos, ela considerava esses grupos de maneira desdenhosa, classificando-os de formas que agora são vistas como não apenas ofensivas, mas também política e moralmente inaceitáveis.

Em uma de suas polêmicas mais famosas, Bardot culpou atrizes que denunciaram assédio sexual no cinema por parecerem "hipócritas" durante uma entrevista. Suas falas provocaram indignação e revelaram uma desconexão crescente entre suas opiniões e as mudanças sociais em curso, que visam defender e proteger os direitos das mulheres e de comunidades marginalizadas. Em seu livro, ela atacou abertamente algumas das questões mais prementes do nosso tempo, incluindo a imigração e o papel da mulher na política, endossando o nacionalismo francês.

Apesar de seu amor pelo ativismo em prol dos direitos dos animais, sua postura em relação a pessoas de diferentes etnias e orientações sexuais gerou questionamentos sobre sua real preocupação com a sociedade como um todo. Para muitos, Bardot se tornou um símbolo de desprezo e intolerância, ao mesmo tempo que seu trabalho em defesa dos direitos animaleais é também reconhecido e respeitado.

A discrepância entre sua imagem glamourosa e as controvérsias que cercam sua vida levanta questões essenciais sobre como devemos lidar com o legado de figuras públicas que, apesar de suas contribuições significativas em um campo, adotaram posições problemáticas em outros. O chocante contraste entre os aplausos que recebeu em Cannes e as multas que acumulou por suas declarações é um lembrete de que a complexidade das figuras públicas não pode ser reduzida a uma única narrativa.

Como ainda reverberam as ondas de choque causadas por Bardot, a discussão se expande, questionando nosso entendimento sobre ícones culturais e suas implicações morais. À medida que o mundo dá um passo em direção a uma sociedade mais inclusiva, o legado de figuras como Brigitte Bardot nos força a olhar além do glamour e reavaliar o que realmente valorizamos nos nossos ídolos e nas suas vozes.

O impacto de Brigitte Bardot é portanto indiscutivelmente multifacetado, e sua morte poderá abrir novas discussões acerca dos valores que veneramos e das narrativas que escolhemos perpetuar.

Fontes: Le Monde, BBC News, The Guardian