Bélgica planeja usar exército para combater violência relacionada às drogas

O governo belga analisa uma proposta para mobilizar o exército em Bruxelas devido ao aumento da violência vinculada ao tráfico de drogas, gerando controvérsias sobre a eficácia da estratégia.

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07/09/2025, 22:57

Autor: Laura Mendes

Uma cena vibrante de Bruxelas à noite, com soldados em patrulha nas ruas, cercados por luzes da cidade, enquanto em segundo plano uma manifestação pacífica contra a militarização da segurança se desenrola, onde cidadãos seguram cartazes com mensagens em defesa da legalização das drogas e do tratamento médico.

A Bélgica enfrenta um desafio crescente em relação à violência relacionada ao tráfico de drogas, levando o governo a considerar a implementação de uma medida polêmica: a utilização do exército nas ruas de Bruxelas. O ministro da Segurança e Assuntos Internos, Bernard Quintin, defendeu a mobilização militar como uma resposta à crescente onda de tiroteios associados ao comércio de drogas na capital belga, que já registrou 57 incidentes somente este ano, sendo 20 deles ocorridos durante o verão. Em entrevista ao jornal De Standaard, Quintin declarou que a função do exército não deve se restringir apenas à proteção das fronteiras, mas também deve incluir a luta contra o crime organizado, que compromete a integridade do território nacional.

A proposta, no entanto, suscita um intenso debate sobre sua eficácia. Críticos argumentam que o emprego de forças armadas em questões de segurança pública pode não ser a solução adequada para os problemas enraizados que o tráfico de drogas representa. Comentários sobre a abordagem sugerida ressaltam que a ação militar pode ser vista como uma medida superficial, que visa dar a impressão de que algo está sendo feito, sem a real intenção de resolver as causas da violência.

Um dos principais pontos levantados pelos opositores dessa estratégia é a necessidade de uma abordagem mais holística que envolva a legalização das drogas e o tratamento de dependentes químicos. O discurso em torno da legalização argumenta que esse modelo poderia reduzir a demanda por drogas ilegais e, consequentemente, diminuir a violência associada ao tráfico. "Legalizar todas as drogas seria a única decisão realmente inteligente", afirmou um comentarista, sugerindo que, em vez de focar na repressão, o governo deveria direcionar esforços para a saúde pública e programas de tratamento.

Outros participantes do debate questionam a competência da abordagem militar em uma questão que, fundamentalmente, é de natureza social e econômica. "Você não combate a violência das drogas com o exército. Você combate indo atrás da lavagem de dinheiro", comentou uma fonte preocupada com a falta de uma estratégia incisiva que aborde os cartéis e os interesses financeiros por trás do comércio de drogas.

A crítica se estende ainda à experiencia de outros países que tentaram empregar uma abordagem semelhante, ressaltando que a militarização das forças de segurança muitas vezes resulta em mais violência e não em uma diminuição efetiva do crime. Houve quem mencionasse as repercussões de políticas falidas em outras nações, como as revelações dos Panama Papers que mostraram a forte conexão entre elites econômicas e práticas ilegais que não foram devidamente enfrentadas pelos governos.

Com o incremento da violência, a proposta de utilizar o exército em Bruxelas representa um campo de batalha para diferentes visões sobre a abordagem do governo em relação ao uso de força militar em questões de segurança pública. De um lado, há aqueles que defendem a militarização como uma resposta necessária à crise que se avoluma. De outro, vozes críticas clamam por uma reformulação profunda das políticas relacionadas às drogas, alegando que apenas medidas comportamentais e de repressão não conseguirão resolver os problemas que afligem a sociedade.

A capital belga, que já vivenciou uma diversidade de crises e desafios em sua história, agora se vê em uma encruzilhada. O governo deve decidir se avança com o plano de militarização ou se busca alternativas mais inovadoras e eficazes para lidar com a questão das drogas. O futuro das políticas de segurança em Bruxelas não apenas afetará a vida dos cidadãos, mas também moldará a reputação do país no cenário internacional, destacando a forma como lida com um dos mais complexos problemas sociais da atualidade. Assim, a maneira como a Bélgica opta por enfrentar essa questão poderá servir de exemplo ou advertência para outras nações enfrentando desafios semelhantes.

Fontes: De Standaard, BBC News, Le Soir, The Guardian

Resumo

A Bélgica enfrenta um aumento alarmante na violência relacionada ao tráfico de drogas, levando o governo a considerar a polêmica utilização do exército nas ruas de Bruxelas. O ministro Bernard Quintin defendeu essa mobilização militar como uma resposta necessária aos tiroteios associados ao comércio de drogas, que já registrou 57 incidentes neste ano. No entanto, a proposta gerou intenso debate sobre sua eficácia, com críticos argumentando que a militarização pode ser uma solução superficial para problemas enraizados. Eles sugerem que uma abordagem mais holística, incluindo a legalização das drogas e o tratamento de dependentes químicos, seria mais eficaz. O debate também destaca a necessidade de uma estratégia que enfrente o crime organizado de forma mais incisiva, em vez de apenas empregar forças armadas. A situação em Bruxelas representa um dilema para o governo, que deve decidir entre a militarização e alternativas inovadoras para lidar com a questão das drogas, impactando não apenas a vida dos cidadãos, mas também a reputação internacional da Bélgica.

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